O que terão combinado os presidentes de FC Porto e Benfica? E chamaram Pedro Proença porquê?
Jorge Nuno Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira almoçaram juntos. E convidaram Pedro Proença para o café. Mas tão pouco se está a falar do tão surpreendente encontro entre os presidentes de FC Porto e Benfica, a quem se juntou o presidente da Liga, mês e meio depois de ter sido "repreendido" pelo movimento reivindicativo que passaram a liderar
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A dimensão do encontro entre Pinto da Costa (FC Porto) e Luís Filipe Vieira (Benfica), no passado sábado, é tão desconhecida que é impossível arriscar, de forma séria e sóbria, qualquer especulação sobre o mesmo.
Não arrisco sequer chamar-lhe uma aliança, mesmo sabendo que o chão que lhes é comum teria firmeza para tal. As duas potências económicas do futebol português têm sobrevivido sem intervenções de maior (nem Banca, nem Fisco, nem qualquer perdão, sendo que a UEFA é apenas um regulador) e sabem que algo tem de ser feito com urgência para que toda a indústria não se estatele como um castelo de cartas.
Tenho a certeza de que o futebol agradeceria se a montanha não parisse um rato
Na ótica de um adepto, tudo o que dividiu FC Porto e Benfica, nas quase duas últimas décadas, é ainda maior do que o tal chão comum. Mas este existe e ambos nele convivem com a necessidade premente de uma estratégia consistente na indústria, de um posicionamento político reforçado junto das instituições, de credibilidade e estabilidade para oferecer a parceiros comerciais.
Este almoço na Mealhada entre os dois presidentes tem a singularidade de provar quem lidera o processo iniciado a 25 de maio, na mesma localidade, que incluiu todos os emblemas da I Liga. Com uma outra particularidade: o primeiro encontro realizou-se nas costas do presidente da Liga, enquanto este terminou com Pedro Proença sentado à mesma mesa.
O que poderão ter combinado, entre si, os presidentes de FC Porto e Benfica? E por que razão chamaram Pedro Proença? O Benfica deixou a Direção da Liga em maio de 2020, em claro desacordo com o Executivo liderado por Proença quanto à gestão da pandemia, embora já houvesse, de passado recente, uma série de diatribes usadas por Vieira para pressionar o organismo.
Ou terão o FC Porto e Benfica querido garantir que todas as reclamações do primeiro episódio da Mealhada, em maio, serão assumidas pelo Executivo liderado por Pedro Proença, atendendo à institucionalidade do cargo? Isto acontece, por falar em instituições, numa altura em que os encarnados se mostram menos confiantes nas virtudes federativas... É que há uma certa zanga do Benfica quanto à arbitragem, na reta final do campeonato, que pode bem ser para aqui chamada...
E como ficam outras relações de força na gestão do futebol profissional? Quais os papeis do campeão nacional - o Sporting - no meio disto tudo, e do Braga, líder dos chamados não-grandes (G15)? Há mais questões do que certezas e ainda a época não começou.
A dimensão deste inédito e surpreendente encontro entre Jorge Nuno Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira está, claramente, por medir. Tenho a certeza de que o futebol agradeceria se a montanha não parisse um rato. Esperemos pelos próximos capítulos, com ou sem leitão da Mealhada.