CARA E COROA - Um artigo de opinião de Jorge Maia
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Não é de agora, mas os sintomas têm-se acentuado ao longo das últimas semanas: Roger Schmidt parece estar em pleno processo de negação. Ontem o alemão voltou a insistir que está feliz no Benfica, o que deve fazer dele a proverbial exceção à regra. Os adeptos não estão felizes; os jogadores - a começar por Otamendi, que foi bastante eloquente no final do último jogo, e passando pelo trio de avançados que tem rodado até perder o equilíbrio - também não estão felizes e é difícil imaginar que Rui Costa esteja feliz, seja com as exibições, seja com os resultados, seja com as críticas de que também já começa a ser alvo. Entretanto, Schmidt continua a despejar frases que parecem saídas de um livro de autoajuda. “Mostrar qualidade nos momentos difíceis é o único caminho para vencer” está ao nível de clássicos como “torna-te o amor da tua vida”, “está tudo bem não estar tudo bem” ou, o meu favorito e muito a propósito, “nunca fiques onde já não estás”.
Ontem, alheio a toda a realidade à sua volta, o treinador dos encarnados disse que o objetivo é vencer os dois jogos que restam para terminar a temporada com boas sensações. Alguém lhe podia explicar que a oportunidade para terminar a época com boas sensações já passou há muito e que não serão duas vitórias sem significado a fazer o tempo andar para trás, mas é improvável que, perdido no seu universo paralelo, o alemão dê ouvidos a quem quer que seja. Aliás, não deixa de ser quase cómico que o mesmo treinador que não soube o que fazer com os reforços em que o Benfica gastou cerca de 100 milhões de euros este ano diga, sem perder a compostura, que na próxima época “há espaço para melhorias, preparando as contratações corretas”.