O que esperava Amorim ao tirar dois jogadores nucleares do onze num jogo destes?
A análise de Luís Freitas Lobo ao dérbi entre Benfica e Sporting (4-3), da 33.ª jornada da Liga NOS.
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Um jogo demasiado aberto que... abriu o meio-campo do Sporting e desprotegeu o seu processo de jogo defensivo, pós-perda de bola, sem a habitual dupla controladora de tráfego tático-central, Palhinha-João Mário.
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Ao optar pela dupla Daniel Bragança (este a n.º 6)-Matheus Nunes, perdeu essas noções de contenção-cobertura e o meio-campo do Benfica entrou, sem oposição, a jogar por dentro do... meio-campo do Sporting. Mais do que com a sua dupla Weigl-Taarabt, fazia-o com os movimentos interiores de Pizzi, entre a ala direita (ponto de partida posicional) e o centro, onde apareceu para fazer o passe de rutura que abriu o marcador e destapou o jogo.
Ao subir o bloco, o Sporting deixa de controlar a profundidade como o sabe fazer em bloco baixo. Fica exposto às bolas metidas longas nas suas costas e num lance também nascido desses traços, sofreu o segundo golo. O Benfica jogava e movia-se solto. O Sporting parecia ainda ter no corpo os festejos do título. Tirando a vontade pessoal do "Pote" Gonçalves (com o título de melhor marcador na mente), metendo algum conflito no jogo, não estava, nem tática nem mentalmente, no jogo. O que esperava Amorim ao tirar dois jogadores nucleares do onze num jogo destes?
O assomo do "Pote" zangado
O Sporting sólido de toda a época era uma equipa a flutuar em campo sem consistência e com risco de ser goleada. Ao intervalo, Amorim percebeu o problema e meteu a dupla titular, Palhinha-João Mário, mas o penálti sofrido logo nos instantes iniciais ameaçou desmoronar a equipa no jogo. Já estava em campo, porém, a equipa com o estatuto de título. Impulsionada pelos rasgos zangados do "Pote", reagiu e com o Benfica a encolher no jogo (jogando na espera do contra-ataque) o Sporting foi maquilhando jogo e resultado até.
A vitória do orgulho encarnado teve base na forma como começou o jogo motivado e solto, perante um onze leonino desfigurado. O Sporting perde o jogo e o título adicional da invencibilidade pela forma superficial como abordou o encontro. O Benfica ganhou-o, deixando no fim partir o jogo como é habitual no mundo tático de Jesus.
Em síntese, viu-se, no fundo, como este é um campeão de onze-base que não admitia a invenção que Amorim tentou (até na ideia de João Pereira capitão a titular) neste dérbi.