O que adianta ganharmos um título se, a seguir, descapitalizamos a SAD?
PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro
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A entrarmos no último terço da época 2023/2024, começam a fazer-se alguns balanços. É certo que ainda muito se discute esta época, sendo que a luta pelo 4.º lugar com o nosso rival geográfico se afigura um dos pontos fortes deste campeonato. Geralmente os balanços de cada época fazem-se pela conquista ou não de títulos, pelas classificações, etc. Mas, para quem trabalha no dia a dia de um clube ou de uma SAD, este tipo de balanço feito somente pelos fatores desportivos é algo redutor. O que adianta ganharmos um título se, na época ou épocas seguintes, descapitalizamos a SAD e descemos de divisão?
O exemplo do Boavista vem sempre à memória: desde que foi campeão nacional, nunca mais se encontrou e passa hoje, ainda, por sérias dificuldades, que tornam o dia a dia de quem lá trabalha um verdadeiro calvário. Por isso, um balanço que se queira abrangente nunca poderá deixar de fora os aspetos ligados à sustentabilidade financeira e patrimonial do clube ou SAD. É certo que estes aspetos, por si só, tem um valor relativo, pois não são um fim em si mesmo, mas um meio para o sucesso desportivo. E é neste equilíbrio entre sustentabilidade patrimonial e sucesso desportivo que se devem fazer os balanços de cada época. E, nesta perspetiva, as coisas não estão a correr nada mal e o balanço final, se mantivermos, como esperamos, o 4.º lugar, a acrescer ao título já conquistado da Taça da Liga, será positivo.