O problema das equipas portuguesas fora do país
<strong>A TÁTICA DO PROFESSOR -</strong> No quadro de competências, Jorge Jesus foi o rei da estratégia, principalmente na final da Libertadores.
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1 - O Benfica está fora da Champions depois de empatar um jogo que tinha obrigatoriamente de ganhar, com o Leipzig, que, apesar de estar muito bem classificado no campeonato alemão, não é das equipas mais poderosas da Alemanha. E até começou por dar a sensação de que estava ali para ganhar, a começar pela constituição do onze, concretamente a introdução dos dois médios centros de características mais ofensivas, ou seja, abdicando do habitual trinco.
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No fundo, o Benfica jogou com seis jogadores de características ofensivas, demonstrando, logo aí, essa ambição de vencer. A estratégia até resultou durante uma boa parte do jogo, mas falhou quando foi sujeita a uma intensa pressão do Leipzig. O problema do Benfica, como do FC Porto ou do Sporting, é não estarem habituados nas competições internas a serem sujeitas a defender muito atrás e durante muito tempo, de modo que, quando chegam a jogos internacionais e se deparam com situações como a que viveu o Benfica, têm muitos problemas para resistir. É realmente um problema das grandes equipas portuguesas, que no campeonato estão habituadas a passar muito tempo no meio campo adversário. Poder-se-á questionar se o treinador poderia ter, a determinado momento, alterado a estratégia, colocando, nomeadamente, um médio de maior profundidade defensiva ou um terceiro central, mas isso é algo que nunca iremos saber, é entrar no reino da especulação. A verdade, e é penoso, é que o Benfica está fora da Champions e dificilmente se apurará para a Liga Europa, onde teria a possibilidade de vencer o troféu.
2 - Assim. Portugal tem de se contentar com as equipas que vão continuar na Liga Europa. E é um meio consolo, porque são, muito provavelmente, três, mas não terá nenhuma na Champions. O Braga fez uma carreira notável, sem perder um único jogo, vencendo equipas de diferentes países, com a particularidade de seguir em frente na companhia da equipa de Nuno Espírito Santo. São dois treinadores portugueses, e muitos jogadores lusos também, o que é bastante agradável para nós. Sá Pinto e o seu Braga ganham o respeito dos outros clubes europeus, mas continua algo inconsistente dentro de portas, o que não deixa de ser curioso. O Sporting apurou-se com facilidade e com classe, talvez com maior facilidade do que seria esperado, e o FC Porto deu um passo importantíssimo, ficando a depender de si próprio, e estou convencido de que vai mesmo apurar-se. Mas também ficou a certeza, depois desta vitória na Suíça, que já poderia ter a questão resolvida há algum tempo, porque é claramente a equipa com mais qualidade no grupo.
3 - Não queria deixar passar esta oportunidade para destacar a vitória de Jorge Jesus aos comandos do Flamengo. No quadro de competências, ele foi o rei da estratégia, principalmente na final da Libertadores. Foram as suas decisões, num jogo muito difícil para a equipa brasileira, dominada uma boa parte o tempo pelo River Plate, que estiveram na origem da vitória. Uma vitória de um treinador português que tem de ser valorizada, num país onde os treinadores estrangeiros muito raramente se destacam.