Com uma liderança forte, o treinador escocês devolveu a confiança aos jogadores e a permanência do Boavista deixou de ser uma utopia
Corpo do artigo
Último classificado desde a 17.ª jornada, o Boavista manteve-se no fundo da tabela durante tanto tempo que chegou a dar a ideia que nem um milagre seria capaz de o salvar da queda no abismo, mas a duas jornadas do fim, impulsionado por um triunfo dramático na Vila das Aves, eis que a permanência passou a ser possível, ainda que o cenário não seja fácil – receção ao FC Porto e deslocação a Arouca. Mas depois de mais uma época atribulada, num trajeto com quatro treinadores, lidar com dificuldades passou a ser o normal no Boavista, mais não seja pelo hábito.
Com duas vitórias em três jogos, o escocês Stuart Baxter, apesar de ter nascido em Wolverhampton, devolveu a esperança ao Boavista com um método simples: injetou a confiança que não havia no balneário. Trabalhar com o treinador de 71 anos, que todos os dias vai ao ginásio e mantém uma forma física invejável, é refrescante e fora da caixa, é como um íman de boas sensações que repele as dificuldades e convoca os jogadores para batalhas gloriosas. Mais do que qualquer segredo tático (varia entre o 4x3x3 e o 4x4x2, inclusive no mesmo jogo), Baxter tirou o peso de cima dos ombros dos jogadores e deixou que a qualidade de muitos deles fluísse.
O outro ponto que explica a recuperação do Boavista está na reformulação do plantel em fevereiro, com a contratação de quase uma equipa inteira depois de quatro janelas de transferências sem novidades. Entre o primeiro onze do campeonato, que triunfou em Rio Maior perante o Casa Pia, e o que atuou frente ao Aves SAD resistiram apenas cinco elementos: Rodrigo Abascal, Filipe Ferreira, Joel Silva, Salvador Agra e Bozenik (Seba Pérez não foi titular na primeira jornada). Anteontem, cinco reforços foram titulares, um deles (Diaby) marcou o golo da vitória e ainda houve mais dois que saltaram do banco para os últimos minutos, o que reflete bem a transformação que sofreu o plantel axadrezado desde fevereiro, que a duas jornadas do fim conserva alguns dos piores itens do campeonato: equipa com mais derrotas (20); o pior ataque (22 golos, a par do Farense); a segunda pior defesa (53 golos, apenas suplantada pela do Aves SAD, com 57); e conjunto com mais derrotas em casa (seis).
É verdade que Lito Vidigal também trabalhou com a versão musculada do grupo boavisteiro, mas sem sucesso (um triunfo e cinco derrotas em seis jogos), o que joga a favor de Stuart Baxter, o escocês de liderança forte que foi “descoberto” por Fary Faye e Gérard López enquanto desempenhava funções de consultor da seleção da Suécia. A próxima batalha é frente ao FC Porto, no Bessa.