HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
Corpo do artigo
Fez uma excelente leitura da situação inicial, de tal forma que construiu o melhor onze que podia ter construído. Roger Schmidt.
Sem grandes alternativas no banco, é certo, mas com uma equipa muito competente e assente em quatro ou cinco pilares que fazem o Benfica parecer melhor do que aquilo que é.
Com um pouco de sorte à mistura - saiu Enzo mas lesões e castigos nunca foram um problema sério - e reforços de inverno à medida, o Benfica foi navegando em águas tranquilas e nem uma derrota concludente em Braga significou turbulência.
Apareceu o FC Porto e o Benfica caiu com estrondo. Com uma pressão alta e intensa que impediu os encarnados de ligar o jogo a partir da defesa, os portistas dominaram tudo o que foi segundas bolas e, com um pouco mais de definição no último terço, o resultado até podia ter sido mais robusto. Para além de se mostrar a força do dragão e expor as debilidades da águia, o jogo foi pedagógico: sem cinto forte mas com suspensórios mal presos, mais vale colocar um travão na euforia. Não vá o Inter descobrir o antídoto.
9 Pepê: craque responsável
Os tais notáveis atributos técnicos destacados por Sérgio Conceição são replicados no lance do golo de Uribe. Qualquer "outro" jogador teria dominado para a frente, para o lado ou, então, o toque com o peito não teria saído com as medidas tão certas. São pormenores de craque, e de craque versátil e com preocupações defensivas: para além de alimentar o ataque, correu quilómetros para estancar o corredor esquerdo e impedir Grimaldo de causar desequilíbrios. Chamado ao flanco direito após a saída de João Mário, voltou a mostrar capacidade física assinalável para bloquear o último fôlego dos encarnados. Está um senhor jogador e nesta temporada cresceu e muito.
6 Chiquinho: o fantasma de Enzo
Uma coisa é certa: Enzo saiu e Chiquinho assumiu o lugar, fazendo aquilo que lhe compete. Acontece que jogos desta envergadura expõem algumas necessidades dos encarnados - sobretudo capacidade para desligar pressing adversário e ligar setores - que Chiquinho não tem de forma tão aprimorada mas que vai disfarçando perante outros adversários. O "fantasma de Enzo" não aparece todos os dias, mas quando aparece faz estragos. Frente ao FC Porto esforçou-se, pediu bola, tentou criar linhas mas faltou sempre aquela capacidade para delinear o jogo e impedir, por diversas vezes, a tal bola para a frente que foi prenda para um FC Porto dominante em termos de segundas bolas.
8 Edwards: um grande salto
A questão é simples: no Vitória já se tinha percebido que Edwards era acima da média. No Sporting, no entanto, percebe-se que é bem melhor do que aquilo que se pensava. Numa liga portuguesa que necessita de jogadores espetaculares, a exponenciação do talento de Edwards representa uma excelente notícia. Mais coletivo, com melhor exploração de toda a zona ofensiva, não esteve brilhante frente ao Gil Vicente mas ainda assim a sua capacidade de desequilíbrio no um contra um motiva preocupações constantes. Determinante no jogo frente ao Arsenal em Londres, a sua imprevisibilidade pode fazer a diferença na próxima eliminatória diante da Juventus.
Fica craque
Otávio tem razão quando apela a Uribe para renovar: porque, se fizermos as contas, o colombiano é provavelmente o melhor jogador da liga: taticamente irrepreensível, condiciona os adversários como ninguém e a este ano juntou o fator golo. Num FC Porto que precisa de jogadores feitos, ter Uribe é sempre uma mais-valia.