O FC Porto-Sporting aqueceu demasiado e não será o Conselho de Disciplina a arrefecê-lo
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A queixa do Sporting contra Sérgio Conceição, por alegada agressão a Renan no fim do último clássico, é das polémicas mais confortáveis que podemos ter.
Sete dias são suficientes para os serenarem, desde que estejam interessados nisso.
Há muitas imagens, há testemunhas, há um regulamento, há um Conselho de Disciplina e há instâncias de recurso. Mas houve também um jogo muito esquentado no Dragão, sete dias antes do reencontro na final da Taça.
Com queixas formais ou sem queixas formais, nem Sporting nem FC Porto poderão dizer que não estavam prevenidos caso o Jamor corra para o torto. Viram o jogo, como toda a gente, podem revê-lo ao ralenti, e têm a obrigação de perceber, sozinhos, quando e como os respetivos jogadores passaram das marcas. Sete dias são suficientes para os serenarem, desde que estejam interessados nisso. Mas não devem dizer que não sabem, que não viram ou que ninguém lhes disse. E também não podem defender que foi culpa só do "outro", porque não foi. A final da Taça será o que eles quiserem.
Discursos de mudança como os de Frederico Varandas, ou os dedos do FC Porto apontados às más práticas do Benfica, são o mais fácil e o menos eficaz. Os únicos comportamentos que podem mudar sozinhos são os deles próprios. Nem estou a escrever isto por temer uma final da Taça a escorrer sangue, mas quase pelas razões contrárias. Tal como estamos hoje, terça-feira, qualquer grama a mais de competitividade no Jamor corre o risco de ser mal interpretado. E depois não há imagens, testemunhas, nem regulamentos que os salvem. Só uma Taça perdida, mais discursos e mais dedos apontados.