VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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Transportamos tudo nas mãos, o poker das competições internas na época, o pleno dos títulos. Hegemonia no passado recente, duas das competições ganhas nesta temporada. Mas nada que não impeça que o FC Porto pareça distante de tudo o que mexe. Acordar pós-eliminação frente ao Inter, na Liga dos Campeões, não disfarçava a azia de um jogo-mal-perdido-numa-eliminatória-mal-perdida-numa-competição-para-seguir-em-frente.
A mesma equipa que ganhou, já esta época, Supertaça e Taça da Liga, bem lançada para a final da Taça de Portugal, parece ter ouvido o som do gongo final em Março, tão longe está da revalidação do título e afastada que foi da Champions nos oitavos, às mãos de um adversário que, lutando pelo ceptro em Itália, pareceu mais do que acessível na disputa a dois. É este o peso da nossa competência: capazes de nos batermos com os maiores na Europa. É este o peso da nossa exigência: é insuportável estar a correr por fora ou a olhar para os que permanecem, correndo.
Sendo a sorte e o azar inerentes ao jogo, é sempre estranho quando se dividem em trincheiras, cada um dos elementos a escolher um lado, estanque, sem comunicação. Como se cada um escolhesse um lado da balança, à espera que um poste desequilibre, uma barra escolha a fortuna, um milagre opere para apenas um. Na terça-feira, o azar esteve todo com os "dragões" e terminou em minutos fatídicos. O milagre materializou-se para os italianos, em cada corte bandido, em cada esbarrar nos ferros, em cada intercepção a requerer milímetros de justeza. Não foi só acerto defensivo. Foi uma imensa sorte a gritar destino.
Hoje, em Braga, jogam dois galos para dois lugares. Se a liderança está cada vez mais longe da vista, a manutenção da segunda posição é vital para não perder a honra e não antecipar calendário na época seguinte. Separadas por dois pontos e por pouco mais do que 50 km, FC Porto e Braga medem forças e tentam evitar que a sombra de um Sporting que ainda mexe possa ameaçar uma posição de Champions. Sem que se perceba como e com quem vamos a jogo, as primeiras linhas deverão voltar a apostar tudo na Liga. Mas, após o Braga, será tempo de David Carmo ressurgir e mostrar que para além de um lugar na próxima época, não merece ser o espelho das apostas que saíram furadas. Se pouco mais temos a provar como equipa nos próximos meses, que ganhemos alguns jogadores para o ano. Para azia, já basta a colectiva.