Jesualdo Ferreira, de regresso a Portugal e ao Boavista, diz adeus ao seu espaço de análise no jornal O JOGO. Os nossos votos de sucessos desportivos.
Corpo do artigo
1 - Ao longo de 234 semanas, desde junho de 2016, tive o privilégio de ser companhia dos leitores de O JOGO, analisando momentos, peripécias, acontecimentos deste desporto que tanto amo e que foi sempre a minha vida que é o futebol.
Estou de regresso a Portugal e a um clube que está carregado de uma história rica no futebol português, o Boavista - um campeonato, cinco Taças de Portugal, entre muitos outros títulos nas mais diversas modalidades - e as minhas funções de comentador neste jornal têm que ficar por aqui, porque seria desconfortável estar a comentar outros parceiros de luta estando eu envolvido nela.
Ao longo de quatro anos e meio analisei aqui múltiplas situações, valendo-me da minha memória, experiência e do meu conhecimento, desde o brilhante Campeonato da Europa que Portugal conquistou e que de alguma forma mudou o futebol português, pelo menos aos olhos do mundo, até outros momentos importantes, e claro que gostei de falar mais nas vitórias do que nas derrotas das equipas portuguesas, principalmente nas competições europeias. Agrada-me fazer parte de uma classe de treinadores que se impõe no mundo do futebol, que é respeitada, porque faz trabalho de qualidade e por isso muito apreciado.
Os êxitos dos treinadores portugueses foram aqui sobejamente assinalados; escrevi desde o Catar e mais recentemente desde o Brasil, a minha última experiência no estrangeiro, que não correu como eu desejava, porque o futebol (ou as pessoas que mandam nele) por vezes é ingrato com quem se dedica a cem por cento, como sei que é o meu caso. A história se encarregará de fazer justiça naquilo que fui injustiçado.
"Espero contribuir para a saúde desportiva do Boavista e quero que a minha equipa possa igualmente contribuir para bons momentos no futebol português"
Custa-me muito estar longe dos relvados e quando recebi o convite do Boavista, como já afirmei, uma parte de mim cá dentro disse-me para eu aceitar. E é com orgulho que o faço, é com orgulho que parto para uma nova aventura convicto e esperançado que vou conseguir corresponder ao que esperam de mim.
Também é com alegria que regresso ao futebol português. Foram muitos anos longe daqui e as saudades são mesmo o maior mal que sofre quem está fora - saudades do país, da família dos amigos, da gastronomia, do clima, da Língua portuguesa. Regressar ao fim de tanto tempo é como renascer para o mundo do futebol português, onde já deixei a minha marca com orgulho, por todos os clubes por onde passei - e já foram alguns...
Espero contribuir com o meu trabalho para a saúde desportiva do Boavista e quero que a minha equipa possa igualmente contribuir para bons momentos no futebol português. Os adeptos do Boavista podem contar com a minha total entrega a um projeto em que acredito e ao qual, todos juntos, procuraremos dar corpo, honrando o nome deste grande clube a sua história.
2 - Nesta hora em que digo aos leitores de O JOGO um até sempre, cumpre-me também agradecer à direção de O JOGO ter tido sempre um trato cordial comigo e quero acreditar que de alguma forma contribuí para um espaço de análise e discussão principalmente sobre o futebol e tudo o que o rodeia. Nem sempre foi fácil, principalmente quando a pandemia entrou pelo mundo e transformou as nossas vidas e, claro, o próprio futebol, hoje lamentavelmente com as bancadas despidas, e esse é um mal que queremos todos ver sanado, porque o futebol sem público é triste e parece-me sempre confuso, pelo menos o ambiente.
É natural que as minhas opiniões nem sempre tenham obtido consenso, mas foi isso mesmo, a minha opinião, e obviamente que há quem não pense como eu. Mas esse é um bem da nossa sociedade, a pluralidade das opiniões. Santas Festas e contem sempre comigo.