Agora que a troika da UEFA fez as malas e voltou para Nyon, vale a pena fazer a pergunta, já com uma certeza: o sistema tanto impede os clubes de fazerem disparates como de serem sensatos.
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Atacar o sistema de fair-play financeiro (FPF) da UEFA é simples pela via do Manchester City ou do PSG, que gozam com ele à nossa frente, mas complicado quando descemos aos clubes ditos normais.
Esses foram, de facto, obrigados a andar na linha, embora fique sempre um cheiro a esturro quando, apesar de tanta vigilância, somos surpreendidos com o passivo desmesurado do Barcelona, que devia muitíssimo menos dinheiro antes de haver FPF.
Mas agora que o FC Porto se livrou da "troika" uefeira nas contas, talvez seja conveniente fazer outra pergunta: sem o mecanismo de fair-play financeiro, teria sido mais fácil ou mais difícil ao FC Porto reequilibrar-se? Por exemplo, sem limitações para investir, em 2019/20, Sérgio Conceição não teria chegado às pré-eliminatórias da Liga dos Campeões com uma equipa pronta a competir, em vez de reforços pescados à última e desembarcados na véspera do Krasnodar (e para substituir meio onze)? Pagar a Herrera o salário que ele queria talvez fizesse a folha salarial ultrapassar os 70% das receitas ordinárias que a UEFA impõe como limite, mas, em contrapartida, o FC Porto perdeu pelo menos 40 M€ em prémios da Liga dos Campeões e a possibilidade de negociar um internacional mexicano. Mesmo que o vendesse por 10 M€ um ano depois, teria quatro milhões de lucro (Herrera queria 6 M€ brutos). Aquilo que a UEFA forçou foi uma boa ou má medida de gestão? Atenuou os problemas do FC Porto ou agravou-os?
O defeito do fair-play financeiro, para além de ser incapaz de domesticar os cowboys árabes, é que tanto impede os clubes de fazerem disparates como de tomarem boas opções e, nem sequer falo, forçosamente, de opções de risco, mas de mera racionalidade. Tem de haver uma solução melhor.
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