HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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É naquele segundo que vais mandar tudo às urtigas e simplesmente colocar a bola na baliza. Fazer golo. O problema é que se o fazes um segundo antes ou depois, deitas tudo a perder. O timing só está ao alcance dos melhores. Depois há as leis da física: os segundos correm da mesma forma, em Barcelos e no Porto. Ou mesmo no Valência B.
O êxito de Fran Navarro significa a recompensa de quem descobriu uma agulha no palheiro. À boa moda de Jesualdo: se Hulk marca golos a 50 metros da baliza no Japão, também o faz no FC Porto. Se Navarro tem esse faro de golo em Barcelos, também o terá no Dragão. Até porque, no caso, os números ditam lei: uma temporada a marcar golos em catadupa no Gil Vicente é de arromba, mas também pode ser de circunstância; já duas épocas no mesmo registo não deixa dúvidas.
Inteligente na ligação com os médios, a jogar em posse e com um trabalho defensivo apetecível para qualquer equipa grande, a contratação de Fran Navarro tem tudo para dar certo. Para os conhecedores do esqueleto do golo há sempre lugar.
Vítor Costa não merecia
A prestação do lateral-esquerdo do Marítimo - que também pode jogar como central do lado esquerdo - foi um dos destaques dos insulares no play-off. Muito criterioso com a bola nos pés e com plena noção das necessidades do jogo ofensivo, foi inteligente e astuto na alimentação do seu flanco, potenciando espaço para Félix Correia aproveitar. Já no prolongamento, esteve perto do golo, após boa recuperação do Marítimo em zona alta do terreno e consequente remate para boa defesa de Bruno Brígido. Com experiência de I Liga, esteve em destaque na segunda volta, realizando jogos onde sempre demonstrou qualidade e regularidade.
Bruno Brígido: não a Chuchu
Um dos momentos do jogo dos Barreiros: aos 110 minutos, Bruno Brígido disse "não" ao golo certo de Chuchu Ramírez, fazendo a diferença quando o Estrela da Amadora mais necessitava do seu guarda-redes. E o fator "guarda-redes" voltou a estar presente na altura das grandes penalidades, ao negar o golo ao mesmo Chuchu. Com experiência, e nunca mostrando tremedeira, foi o pilar de um Estrela da Amadora que lutou muito e que, apesar das dificuldades sentidas, nunca se desmembrou definitivamente nos momentos decisivos. Numa época regular, foi por diversas vezes o melhor em campo e, muito justamente, vai ficar na história como um dos heróis da Reboleira nesta altura de subida.
Bernardo Silva multifunções
Marcou um golo com nota artística (excelente CR7 como pivô) e, no lance do 2-0, condensou uma série de adversários, ato que permitiu que a zona central ficasse descongestionada para Bruno Fernandes concretizar em conformidade. Rende mais no meio, mas também é certo que as ligações umbilicais com João Cancelo não devem de ser desperdiçadas. Combativo e destemido na pressão junto da linha defensiva adversária, mesmo na altura do desequilíbrio individual soube soltar na hora certa, permitindo que a equipa fluísse a sua qualidade sem atropelos. É o jogador "mais" da Seleção e encarna o papel de forma discreta e perfeita.
Diogo Costa é o número 1
Não havia dúvidas, mas Martínez fez questão de o afirmar alto e bom som: Diogo Costa é o número 1. Mas há que salvaguardar Rui Patrício e evitar novas debandadas da Seleção.Perfeito em março e decisivo ao nível da coesão do balneário, terá de ser Inteligente, não vá o vírus que atacou João Mário e Rafa reentrar no sistema.