Seis dos titulares do Benfica na finalíssima da Liga dos Campeões estavam, há um ano e meio, na II Liga e no campeonato de sub-17. Deve ser recorde mundial
Corpo do artigo
O treinador do Benfica diz uma coisa na conferência de Imprensa e desmente tudo no onze. Quem escolheu a primeira equipa para o jogo de ontem com o Lyon não quer "uma Champions à dimensão do clube", ou então tem uma ideia controversa, e nada benfiquista, sobre essa dimensão.
Bruno Lage pode querer muitas coisas e eu consigo imaginar algumas. Pode ter a ilusão de que, sacrificando estes jogos, está a preparar uma nova geração para a glória internacional a médio/longo prazo. Pode, e tenho de admitir a hipótese, estar em sintonia com a administração para enfiar os miúdos da formação pelos olhos do mercado dentro, e isso contradiz uma série de coisas. Em alternativa, talvez acredite mesmo numa espécie de república democrática do balneário do Benfica e se veja como o Nélson Mandela das convocatórias.
Ou então, pode estar a descartar a Europa, como outros treinadores antes dele, em nome da gestão tranquila e exclusiva do campeonatozinho. Garantido é que, quem entra no jogo decisivo com os jogadores mais inexperientes que tem e deixa alguns dos melhores de fora, não está em condições de afirmar que quer ficar na Liga dos Campeões. Seis dos titulares de ontem estavam, há um ano e meio, na II Liga e um deles no campeonato de sub-17.
Na melhor das hipóteses, Lage teve fé numa combinação improvável, como quem joga na lotaria. Depois da derrota, explicou as opções como se os jogadores fossem apenas as características técnicas ou táticas que têm (que é o que se faz nos jogos de vídeo) e não houvesse mais nada a ter em conta. O mundo é um lugar estranho.