O destino do FC Porto-Benfica anunciado em 32 segundos
PLANETA DO FUTEBOL >> Um plano que em dez minutos não passou de um exercício de imaginação tática sufocado pela pressão alta do bloco portista, empurrado pela dupla Uribe-Vitinha na zona central, ativada por dentro do triângulo encarnado.
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1 - A ideia do Benfica tentar pegar na "caixa tática" do jogo a partir dos três médios (fazendo o sistema de três centrais variar para 5x3x2) buscava não deixar o meio campo "a dois" do FC Porto (fiel ao seu 4x4x2 de referência) jogar o seu futebol de pressão e posse.
Quando o Benfica começou a ter um pouco mais de bola foi então o FC Porto com o "sorriso futebolístico do diabo" a baixar as linhas intencionalmente, incentivando até o bloco benfiquista a subir
Um plano que em dez minutos não passou de um exercício de imaginação tática sufocado pela pressão alta do bloco portista, empurrado pela dupla Uribe-Vitinha na zona central, ativada por dentro do triângulo encarnado. Em 32 segundos, momento do primeiro golo, deu para perceber o que poderia ser o jogo todo.
Quando o Benfica conseguiu entrar em campo (entenda-se quando começou a estabilizar a sua estrutura e posicionamentos) já sofrera outro. Talvez por isso, encetou (como reação) numa contranatura busca da profundidade (passe longo) para servir o mais rápido possível a dupla atacante Rafa-Darwin, em vez de, como pedia o sistema adotado, ter posse para ir construindo (segurando) o jogo (e a bola).
2 - Quando o Benfica começou a ter um pouco mais de bola foi então o FC Porto com o "sorriso futebolístico do diabo" a baixar as linhas intencionalmente, incentivando até o bloco benfiquista a subir para, então, dar-lhe uma dose de diferente veneno tático, invadindo-lhe o espaço vazio nas costas da defesa subida encarnada.
Criou, num ápice, outra forma de atacar (mais em contra-ataque, com construção menos apoiada para aproveitar, a esticar o jogo rápido, a profundidade exposta). Tinha visto como, então, estavam abertos os últimos 30 metros encarnados. Luis Díaz passou a ter o território ideal para montar o seu parque de diversões futebolístico. Vitinha, jogando com antenas na cabeça, pegou no jogo com a delicadeza da intensidade certa.
Durante toda a primeira parte, o Benfica (do fracasso do plano inicial à forma desequilibrada sem controlar os espaços recuados quando quis reagir) passou pelo jogo sem saber nunca como o pisar taticamente.
3 - Ao passar, em superioridade numérica, para 4x4x2 na segunda parte, Jesus tentava provocar um jogo diferente mas era o FC Porto (mesmo com menos um jogador, em 4x4x1) que tinha, jogando com o resultado, mais o poder de o fazer (segurando posições atrás e esperando o contra-ataque).
Esta equipa do Benfica vive hoje em conflito tático consigo própria em face da cristalizada opção dos três centrais. E não me falem de que a dinâmica é que é importante. Esta resulta essencialmente do sistema inicial e de onde os jogadores começam a correr. No caso do Benfica, percebe-se como quase todos eles têm essa raiz da dinâmica condicionada pelo sistema: seja o preferencial, que aprisiona, como o renascido 4x4x2, sem rotinas. Assim se explica o apagamento de Rafa neste jogo (sobretudo quando nessa segunda parte taticamente revivalista) foi desviado para uma faixa.
Decisivo é, como o FC Porto explicou, o saber pisar da estrutura.