"O céu começa a cair sobre a cabeça de Frederico Varandas"
O céu começa a cair sobre a cabeça de Frederico Varandas, e nisso é preciso estar solidário com ele.
Corpo do artigo
O céu começa a cair sobre a cabeça de Frederico Varandas, e nisso é preciso estar solidário com ele. Uma mão-cheia de erros cometidos, mesmo que alguns de maior monta, são insuficientes para explicar o que se passa no Sporting. Está tudo na herança, de Bruno de Carvalho e não só, e não é por via do voluntarismo da candidatura do ano passado, nem sequer das promessas eleitorais feitas, que Varandas merece ser mais responsabilizado.
Mas o que faz o presidente do Sporting quando vê a situação apertar? Vai buscar Tomaz Morais, institui-o coordenador de um novo Gabinete de Formação Interna e Liderança e leva-o a Alcochete para estimular as hostes. No fim, ele próprio integra o discurso: "É importante mantermo-nos unidos", "Nada se consegue sem sacrifício" - enfim, a habitual cartilha da bem-aventurança mística e vácua, às vezes oportunista e outras apenas moralista, que pulula pelas estantes da autoajuda e as mesas de cabeceira dos consumidores de Prozac.
Com todo o respeito por Morais e pelo seu percurso como treinador de râguebi: já o vi dar uma palestra, já vi vários colegas seus darem palestras - sei do que falo. "Querer é poder", "crer é vencer", "a atitude faz a diferença", "sozinho não sou nada", como se escreve pelo seu site oficial: tudo isso é tão indiscutível e insuportavelmente verdade que vale pouco mais do que uma mentira. E eu duvido muito que seja pela "escuta ativa", pela "definição de objetivos" ou pela "consciência das limitações" que o Sporting lá vá.
Digamos que é mais um caminho que os leões tentam abrir, desta vez num domínio (pronto) pré-religioso. Podia ser quase inofensivo, a não ser que depois dele pode já não restar muito mais do que chamar um padre com competências de intercessão, exorcismo e - havendo misericórdia - absolvição.