PLANETA DO FUTEBOL - A análise de Luís Freitas Lobo.
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1 - É uma época indecifrável na análise da luta pela fuga à descida tal a forma como, ao contrário de outras temporadas em que se detetavam candidatos mais fortes à despromoção, não existem condenados e entre a linha de água e o 9.º lugar (meio da classificação) existem só cinco pontos de diferença.
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Com a lanterna vermelha, o Marítimo é uma equipa com boa organização defensiva, a herança de Lito mantida por Milton Mendes num sistema de três centrais que, no entanto, condiciona muito a equipa na transição ofensiva e ataque. Parece-me mesmo que tem jogadores para outro sistema (tentou ainda o 4x3x3 e 4x4x2 contra o Moreirense) mas revelou falta de rotinas. Precisa do melhor Rodrigo Pinho para se salvar, num onze que não tem um médio-ofensivo claro e, por isso, revela grande falta criatividade nesse sector. Tenho isso claro: o novo treinador tem de mudar o sistema.
2 - A quebra do Famalicão é um espelho de um projeto que, esta época, não encontrou um onze que faça verdadeiramente sentido enquanto equipa. Ainda não parou de trocar de jogadores a ver se toca na tecla certa mas o jogo da equipa cada vez se torna mais confuso. E o mais perturbante é que tem bons jogadores (Vinagre é um belo lateral-esquerdo que chegou há pouco). A chicotada em João Pedro Sousa foi um erro e Silas (que tem boa ideia de jogo) está longe do perfil clássico do treinador de luta pela sobrevivência. Não quero, com isto, dizer que o único perfil para a luta pela salvação é o "treinador do grito", mas terá de ser a noção da especificidade necessária quando se cai nestas situação e se opta por mudar o banco. Em vez de treinador de projeto, um treinador com essa consciência de emergência.
A incrível luta pela fuga à descida que envolve meio campeonato. Nove equipas, estilos, jogadores e problemas diferentes
O Gil Vicente tem um bom meio-campo (Claude é dos n.º 6/8 mais discretamente eficazes do campeonato) e isso é o que me faz ver esta equipa a fugir do fosso mas tem de aumentar a agressividade sem bola. E custa muito ao ataque (continuo a ver Samuel Lino mais como ala do que avançado-centro) criar sem ser em ataque rápido.
3 - O Boavista de Jesualdo tem de ganhar mais ratice para fugir. Eu sei que os grandes elogios vão para o Angel Gomes (e eu também gosto dele, do perfume da sua técnica) mas quem joga mesmo no onze axadrezado é o Paulinho. Um médio claramente para níveis mais altos. Tem visão de jogo, arranque para entrar nos espaços e técnica para executar. Por isso, vejo-o mais como um n.º 8 mas quando joga descaído na direita também joga bem (e fica mais perto da baliza/golo). Nessa dúvida sobre onde deve jogar, está mais uma prova do bom jogador, com saber tático, que é.
Uma luta pela salvação para meter muitas equipas até ao último jogo.