O campeão da Europa é hoje um alvo a abater
<strong><em>TÁTICA DO PROFESSOR - </em></strong>As análises são sempre influenciadas pelo resultado e não há dúvidas de que se fôssemos analisar este jogo da Seleção pelo resultado teríamos de apresentar aqui uma crítica negativa.
Corpo do artigo
As análises são sempre influenciadas pelo resultado de um jogo e não há dúvidas de que se fôssemos analisar este jogo da Seleção pelo resultado teríamos de apresentar aqui uma crítica negativa. Sinceramente, não estava à espera de um jogo destes. Essencialmente, não estava à espera de uma Ucrânia a jogar com as linhas tão baixas, praticamente num 5x5, sem nunca se desorganizar nas posições, e neste particular a Ucrânia foi exímia e criou muitos problemas a Portugal.
Fernando Santos quis montar um meio-campo forte, com jogadores muito iguais entre si, capazes de compensar as subidas pelas laterais de Raphael Guerreiro e de João Cancelo. Disto resultou que Portugal teve sempre pouca gente na área para furar aquela verdadeira muralha amarela. O jogo em profundidade também não saiu, mas creio que o grande obstáculo acabou por ser mesmo Pyatov, o guarda-redes ucraniano, com um punhado de boas defesas às oportunidades criadas por Portugal. Que foram as suficientes para ganhar o jogo. O guarda-redes teve, quanto a mim, um papel decisivo no resultado final. A Seleção fez tudo o que havia a fazer para ganhar, não teve espaços para impor o jogo vertical, também jogou um futebol pouco apoiado por via das funções que tinham os três homens do meio-campo, sempre com a preocupação de impedirem os contra-ataques ucranianos, e conseguiram-no, tanto que só por uma vez, e já no final do jogo, Rui Patrício foi chamado a intervir.
"Portugal teve sempre pouca gente na área para furar aquela verdadeira muralha amarela"
Dois regressos importantes que se saúdam. Cristiano Ronaldo, sempre disponível, sempre a cem por cento com a Seleção, é sempre uma boa notícia. O jogo não correu de feição à Seleção e também não foi o melhor para ele, apesar de ter protagonizado as melhores oportunidades de golo, com tempo ainda para boas assistências. Outro regresso que se saúda é o de João Moutinho, que está a ser determinante para a boa carreira do aportuguesado Wolverhampton em Inglaterra e que surge como se estivesse na flor da idade, no auge da sua carreira. É outra boa notícia para a Seleção este bom momento que vive João Moutinho, que joga como o fazia há dez anos.
O que se pode tirar de bom deste jogo? Um alerta, sem dúvida, para um apuramento que não será tão fácil como muitos pensariam. Nunca é bom começar mal um apuramento, e Portugal até já está habituado, há muito tempo para retificar este empate, mas não há dúvidas de que coloca no jogo com a Sérvia um grau de importância elevado. Começar com dois jogos em casa é bom se se conseguirem os seis pontos em disputa, mas dois já foram, o que obriga Portugal a vencer na Ucrânia, e a não cometer mais deslizes, vencendo já a Sérvia e cumprindo depois com a obrigação de ganhar à Lituânia e ao Luxemburgo. Pode parecer muito cedo para fazer contas, mas tenho a certeza de que Fernando Santos também estará a pensar assim. Não foi um drama este empate, mas há que estar bem alerta, porque o jogo com a Sérvia também não será fácil. Vi o empate dos sérvios com os alemães e não me espanta que se apresentem na Luz tal com os ucranianos, criando muitas dificuldades a Portugal. O campeão da Europa passou a ser um alvo a abater, isso é normal acontecer, e Portugal tem de saber conviver e combater essa realidade.