O Braga já adquiriu suplementos extra de competitividade
O Braga já joga como um verdadeiro "grande", pois não precisa de jogar melhor do que o adversário para vencer o jogo
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o final do jogo do passado domingo frente ao Farense, um amigo meu, fervoroso bracarense, comentava que o Braga jogava já como um verdadeiro "grande", pois não precisava de jogar melhor do que o adversário para vencer o jogo.
Aquela velha sensação de "inconseguimento" que, por vezes, perseguia os adeptos bracarenses já está bem longe na nossa memória coletiva....
Na conversa, discorremos sobre os velhos tempos, nos idos anos oitenta e noventa do século passado, quando o Braga, em muitos jogos contra Sporting, Porto ou Benfica, jogava melhor, era muitas vezes superior ao adversário, mas acabava sempre por perder, muitas vezes pela margem mínima. Saíamos sempre dos jogos com aquela sensação de - roubando o conceito a Assunção Esteves - "inconseguimento".
Percebemos, hoje, que ganhar um jogo, muitas vezes, está na capacidade mental de o encarar, no pormenor do génio momentâneo de um jogador, na resiliência tática e técnica da equipa contra a adversidade. E o Braga dos últimos anos tem vindo a adquirir estes "suplementos extras de competitividade" que lhe permitem, hoje em dia, estar no topo do futebol português e ser um nome que inspira respeito no futebol europeu.
A equipa de Carvalhal, nos últimos jogos, tem demonstrado que está apta para ganhar muitas "coisas", sejam jogos ou sejam títulos. Sabe jogar bem, mas sabe, também, ganhar quando não joga tão bem. O jogo do Farense (principalmente a primeira parte) foi prova disso. E o jogo da Grécia também. Sejamos francos: tirando os 10 primeiros minutos do jogo, no resto da primeira parte assistimos a uma equipa bracarense com mentalidade ganhadora, mesmo quando teve uma prestação algo desequilibrada: muitos passes falhados, desconcentrações (o primeiro golo sofrido foi um exemplo disso), pouca qualidade nas transições, mas, ainda assim, muita atitude e cuidado nos pormenores. Só desta forma se compreende a vantagem ao intervalo.
Depois, o dedo do treinador notou-se: as mudanças operadas resolveram aquilo que estava menos bem, em termos táticos, e, mantendo os mesmos "suplementos de competitividade" que a equipa já adquiriu, controlou o jogo, mostrou qualidade e, dessa forma, pudemos todos (adeptos e equipa) desfrutar de um verdadeiro "Braga europeu". Braga que, esta época, ao assegurar a presença nos 16 avos de final da Liga Europa, irá completar, pelo menos, o seu 150.º jogo europeu (entenda-se, em provas organizadas pela UEFA), tendo já, no velho continente, como todos sabemos, vencido a Taça Intertoto e atingido uma final da Liga Europa. Aquela velha sensação de "inconseguimento" que, por vezes, perseguia os adeptos bracarenses já está bem longe na nossa memória coletiva....