HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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O paciente japonês
Está bem de saúde e, em Turim, transbordou sabedoria em todas as suas ações. Morita. Até nas faltas que fez ou deixou de fazer.
Naquela que foi uma das melhores exibições individuais desta temporada, o criativo japonês provou que a sua versatilidade - pode atuar em todas as posições do miolo - tem sido aprimorada por Rúben Amorim, que o tornou um elemento de excelência: a receber com ambos os pés, sempre de cabeça levantada, tudo o que faz é pré-pensado ao detalhe.
O Juventus-Sporting fez lembrar o Inter-Porto, esperando-se que o desfecho seja diferente. Total domínio dos leões, com a equipa destemida a ocupar zonas altas do terreno, a pressionar, a impedir o adversário de construir, mas sempre aquela sensação de quem tem picos nas botas na hora de finalizar. É claro que se pode argumentar que o Sporting necessita de um finalizador (móvel, não se leia "à Slimani) mas as situações desperdiçadas nem necessitavam de um especialista. Reflexos de uma equipa jovem e que ainda não tem instalado o chip do respira fundo e coloca a bola na baliza. Só isso.
8 Trincão: Sporting e Seleção
Não é pelos golos que marca (tem estado em grande, diga-se) nem pela capacidade técnica acima da média. O grande desafio de Trincão é manter a estabilidade jogo após jogo e, no final, ter aquela linha mínima exibicional que os jogadores de top nunca ultrapassam. Em Turim voltou a mostrar qualidade, sobretudo o seguimento de uma maior confiança a jogar por dentro e a articular-se em conformidade com Edwards - um contexto por vezes complexo até porque ambos são esquerdinos. Fica sempre a sensação de que necessita de uma palmadinha de incentivo para render um pouco mais e, diga-se, caso dê o salto terá o mundo do leão e da Seleção (que precisa de um avançado com os seus atributos) a seus pés.
7 Pizzi: de regresso
Numa semana em que o Juventus - Sporting levantou a discussão em torno da finalização (o golo como essência), há um jogador - Pizzi - que sempre teve aprimorada essa característica, que agora parece ter ressuscitado em Braga. Depois de, no fim de semana, ter apontado um belo golo na passada ao Estoril, aproveitou a deslocação à Madeira para consolidar o seu crescimento de forma: a boa articulação com a linha avançada resultou em golo e, no final, uma assistência à futsal para o golo acrobático de Banza. Com experiência, com tranquilidade, pode acrescentar rotação e tranquilidade ao meio-campo arsenalista e rumar a um bom final de temporada.
7 Alexandre Penetra: grande assistência
A assistência que fez para o golo de Cádiz não foi uma assistência qualquer: foi, isso sim, um cruzamento preciso de um jogador lúcido e que percebeu o espaço bem como o desequilíbrio posicional da defesa vitoriana naquele lance. E não é de agora: frente ao Paços de Ferreira, Penetra destacou-se com um passe longo de 60 metros que isolou Puma e também deu golo. Sendo já uma referência do Famalicão, a sua competência defensiva é sempre um osso duro de roer para os adversários, atuando com eficácia em diferentes modelos de jogo. Robusto na marcação e no jogo aéreo, consolida-se e, aos 21 anos, também já se destaca nas seleções nacionais.
Inter não é impossível
São dois golos de desvantagem mas uma real constatação: o Benfica é melhor e pode ir a Itália discutir a eliminatória. A conversa é outra: depois de o FC Porto ter vencido de forma clara, Schmidt pouco ou nada mudou no jogo seguinte. Não há um plano B para surpreender o adversário e impedir a descoberta do antídoto?