O Benfica do "segundo campeonato"
<strong><em>PLANETA DO FUTEBOL - </em></strong>Um título, duas equipas: De Fejsa e Jonas a Samaris e Seferovic. De insubstituíveis está agora o banco do Benfica cheio
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1 Será um clássico de "expectativa e gestão". Não me recordo de um "jogo entre grandes" nestes contornos (sobretudo, numa última jornada). O FC Porto esperando uma queda "encarnada" que seria histórica num último jogo e o Sporting gerindo a equipa, desgaste e presenças, para a final da Taça da próxima semana. Então, sim, o clássico entre as mesmas duas equipas será diferente e deixará de ter estes dois elementos perturbadores para ambos, até na consciência que tal provoca por fazer pensar num campeonato falhado no título.
Os ouvidos azuis estarão na Luz. O Santa Clara de João Henriques (que passou duma época para outra de treinador-despromovido para treinador-sensação) viveu a paz e o sossego do "campeonato tranquilo" conquistado com base em bom futebol. Gosto de ver Rashid a "rendilhar" a bola e o passe e gostava que Bruno Lamas tivesse mais sangue nas veias do seu jogo (para o valor que tem, é "sono" a mais por vezes), mas ganhar e tirar o título ao Benfica parece uma "estrada futebolística impossível".
2 O onze encarnado ganhou asas e agora voa em cada ataque com Rafa e João Félix a servir a profundidade de Seferovic, com Pizzi e Samaris a gerir a "sala de máquinas" atrás, numa dinâmica de jogo que até faz hoje parecer André Almeida ser um... lateral ofensivo. Contem as vezes que chega à frente e cruza bem, com critério (diferente das vezes que o faz Grimaldo, em maior número, sem dúvida, mas em correrias permanentes sem surpreender, só explorando espaços).
Bruno Lage adquiriu uma postura professoral que os resultados lhe permitiram cultivar. Só contra o Tondela, com 0-0 a manter-se tão perto do fim, o vi gritar até para um jogador beirão caído no chão a queimar uns segundos. Foi um momento em que o professor "desincorporou", porque sentiu o receio do que dizia ser inaceitável acontecer: "Perder o campeonato duas vezes seguidas". Foi a sua melhor frase da época.
3 Os factos são um suporte para a consciência. No rigor do pensamento futebolístico realista, admitamos, após a última derrota de Rui Vitória, a "chicotada", os oito pontos de distância para o primeiro lugar, o ritmo fantasmagórico que se apoderara do 4x3x3, etc., ninguém imaginava este renascimento segundo Lage em 4x4x2, o gato "João Félix das botas" e até Gabriel a executar rápido e Seferovic a marcar tantos golos. O compromisso entre o assumir mudar uma forma de jogar para ganhar. Não era só operação estética, era operação tática.
De repente, os imprescindíveis Fejsa e Jonas passaram a suplentes naturais. Efeito da mudança de sistema, princípios de jogo e aparecimento (ou crescimento) de outros jogadores. Samaris continua a agradecer no fim de todos os jogos, quase parecendo que antes era um "sem-abrigo". Agora tem uma "casa tática" própria. Quando abre as janelas, vê Pizzi e, a partir daí, toda a equipa se sente diferente. De insubstituíveis está agora o "banco encarnado" cheio.
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