Quando o Benfica vence o Vizela num lance terminal em que metade da equipa adversária está à frente da linha da bola, o antijogo não vem ao caso. Se o Vizela merecer críticas, é por ter feito o oposto.
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Quando Samu escorregou, ao oitavo minuto de compensação do Vizela-Benfica, tinha nas costas quatro colegas para três adversários e um outro que vinha chegando no flanco contrário.
O Vizela estava empatado com o Benfica, em cima do último apito, e metade da equipa estava mais atenta à baliza de Vlachodimos do que à sua.
Isso ajudou a que o Benfica marcasse. Não era, por isso, a melhor noite para Jesus puxar da carta do antijogo, apesar de haver uma clara falta de magnésio na alimentação dos jogadores do Vizela, a certa altura atingidos por uma epidemia de cãibras.
A verdade é que o restante comportamento da equipa contradizia essas perdas de tempo. Em princípio, quem faz antijogo não remata mais do que a vítima (15 contra 14). O Benfica aterrou em Vizela com a tensão do Bayern na cabeça e nos músculos (falamos de hora e meia de concentração absoluta que não dá para repetir no dia seguinte), e no fim de um ciclo que começou, lá longe, nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões. Ainda lhe aconteceu jogar, ontem, num dos poucos estádios em que o campeonato português parece daqueles normais, onde as equipas visitadas são sempre mais apoiadas do que as visitantes.
Era um fim de tarde perigoso, salvo tanto pelo azar de Samu como por um excesso de ambição do Vizela que lhe custou um ponto. Nove em cada dez cenários semelhantes, Samu teria oito colegas nas costas e não metade disso. Esse é um facto. Se Jesus queria criticar Álvaro Pacheco, que o fizesse pelos devaneios atacantes. E ao mesmo tempo agradecia-lhe.