No tempo de Vieira e Gomes, não havia anjos e arcanjos de asas puras e inocentes?
SENADO - Uma opinião de José Eduardo Simões
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Havia uma organização repleta de segredos obscuros, teias de aranha, princípios prepotentes e que tentava disfarçar a agressividade de lobo com pele de cordeiro, que dizia possuir telhados de vidro, bem fosco por sinal. Na Bíblia, a famosa frase “aquele que de entre vós nunca pecou que atire a primeira pedra” mantém o sentido. Vem a propósito a entrevista de Luis Filipe Vieira (LFV) repleta de acusações a Proença, numa jogada de bilhar às 3 tabelas destinada a atingir em cheio Rui Costa, aquele que LFV considera ser o principal adversário no regresso à presidência do Benfica. A julgar pela sanha anti-Vieira do jornal diário oficial dos encarnados, talvez tenha razão.
E no tempo em que Vieira e Gomes se davam como dupla maravilha, não havia anjos e arcanjos de asas puras e inocentes, que de tudo tratavam e iam de férias em paraísos tropicais?
O número entre Proença e LFV sobre Nuno Lobo não foi feliz, pois divulgar eventuais conversas privadas vale zero para a opinião pública, é negativo para quem as produz e diminui ainda mais Nuno Lobo que, se surgir na lista de Vieira, leva colado o rótulo da candidatura de facção à FPF que foi derrotada sem apelo nem agravo. Colocar Pedro Proença como a pessoa mais poderosa do futebol põe os dirigentes dos clubes em sentido ou a tremer de medo, numa espécie de versão 2.0 do Fernando Gomes que LFV tanto apreciava, só foi interessante na medida em que Super Vieira assumiu ter um poder ainda mais forte que Proença e, no caso de ser eleito, a capacidade de fazer ajoelhar o Presidente da FPF e até, num piscar de olhos, o fazer renunciar ao cargo. Pago para ver…
E quem iria para lá? O benfiquista Lobo? E para quê? Dar uma vassourada em todas as pessoas do Sporting ou indicadas por este clube nos lugares que importam para o domínio do futebol: arbitragem, justiça, disciplina, licenciamento, regulamentos, distribuição de verbas (quanto deve ainda o Benfica do Toto negócio?), mais a bola, a relva e talvez os técnicos de equipamentos! Foi por isso que os leões ganharam os últimos títulos? E no tempo em que Vieira e Gomes se davam como dupla maravilha, não havia anjos e arcanjos de asas puras e inocentes, que de tudo tratavam e iam de férias em paraísos tropicais? Se formos ao passado e por esse critério amplo, com presidentes e altos dirigentes da Liga e da FPF vindos dos grandes clubes ou indicados por estes, o que se pode concluir? Alguém duvida que Benfica, Porto e Sporting dominaram sempre os sectores do futebol, dando alguns prémios a amigos como Pimenta Machado, Loureiros ou Salvador quando lhes interessava? Em nomeações, classificações, regras e regulamentos para benefício dos mesmos. Ou que, em pugnas eleitorais com 2 candidatos (Gomes/Marta, Figueiredo/Laranjo ou Proença/Duque), os 3 clubes indicavam elementos seus para ambas as listas, na velha táctica de nunca colocar os ovos todos no mesmo cesto. Não sei se a equipa de comunicação está a dar os melhores conselhos a LFV. Ou se o efeito “Pinto da Costa” de desgaste, novidade, vontade de novo rumo não se poderá repetir em Outubro. No lugar de Vieira, preocupava-me mais com projectos de futuro ambiciosos e com Noronha Lopes, que é o principal beneficiário deste triângulo das Bermudas LFV/Costa/Proença.