VISTO DO SOFÁ - Uma opinião de Álvaro Magalhães
Corpo do artigo
Na primeira jornada do campeonato, Braga e Benfica foram colhidos violentamente pela surpresa. FC Porto e Sporting escaparam-lhe por um triz. No princípio, portanto, foi a surpresa, a tal que também abala o edifício das nossas certezas, obrigando-nos a uma revisão do que sabemos.
O Braga e o Benfica foram colhidos violentamente pela surpresa. O que não surpreendeu foram as atuações de Luís Godinho e do videoárbitro Hugo Miguel
O Braga tinha anunciado a candidatura ao título, pois os seus responsáveis sentiam que este era um desses anos em que as surpresas acontecem, como em 2001, quando o Boavista foi campeão. E logo aos primeiros pontapés ficaram a saber que, afinal, talvez este seja um ano como os outros.
O Benfica, depois da eufórica vitória na Supertaça, sucumbiu, no Bessa, aos superiores desígnios do acaso, que continua a reger o destino dos jogos, mas também ao desatino do seu treinador, que fez as piores substituições de sempre. Ficou a ideia de que a fartura está a confundir Schmidt, um treinador dogmático, sem ductilidade, que vê comida a mais no prato e - pelo menos, para já - não sabe para onde se virar. E alguma vez saberá?
O Sporting está sólido e persuasivo, apesar da ajuda do VAR Hugo Miguel no jogo com o Casa Pia e de, no jogo, com o Vizela, ter escapado à surpresa no último suspiro. Ser ajudado pela arbitragem e marcar no final está a ser lido pelos sportinguistas como um sinal de que este é um ano como aquele em que foram campeões, marcando muitas vezes o golo da vitória nos últimos momentos. Será?
Por sua vez, o FC Porto, em Moreira de Cónegos, encontrou o fantasma da época passada e voltou a penar contra uma equipa que defendeu de modo compacto, por falta de velocidade e criatividade no ataque. Quanto à equipa, a zona central sofre muito com as chegadas tardias de Varela e González; e muito mais sofrerá se Otávio sair: nem dez Moutinhos chegam para o substituir. E, sendo assim, o tridente Varela-Nico-Otávio não terá passado de um belo sonho de Verão. No ataque, respira-se melhor. Ninguém saiu, até ver, e a Fran Navarro pode juntar-se o "reforço" Pepê, se o mexicano Sánchez, por sua vez, se juntar a João Mário. Quanto à defesa, menos mal no centro, se contarmos com um novo ciclo de vida de Pepe e com o renascimento de David Carmo. Mas as laterais.... Se vier Sánchez, há duas opções para o lado direito (Aleluia!), mas... e o lado, esquerdo, senhores?
Porém, o melhor jogo da primeira jornada não envolveu nenhum grande. Foi o Arouca-Estoril (4-3), o que nos leva a outra surpresa: o poder que mostraram equipas pequenas, como essas duas, mais o Vizela, Famalicão, Boavista, Casa Pia, Moreirense. Por uma vez, a expressão "Não há jogos fáceis", que os protagonistas dizem por dizer nas conferências de imprensa, será verdade?O que não surpreendeu foram as actuações de Luís Godinho, que deu um recital de protagonismo e autoritarismo bacoco na Supertaça, e do videoárbitro Hugo Miguel, que, no Casa Pia- Sporting, não foi capaz de traçar uma linha. Nada de surpreendente, como disse, se considerarmos os currículos de ambos. Já se sabia que estes, e outros como eles, que por aí andam, também jogam e influenciam jogos, campeonatos. Não se pode exterminá-los?