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1 - Finalmente há uma luz ao fundo do túnelpara as equipas do estado de S. Paulo, como é o caso do meu Santos. Jogadores, treinadores, todo o staff, foram chamados para cumprirem com os protocolos das autoridades de saúde, nomeadamente a a realização de testes, porque há, enfim, uma data para voltarmos ao trabalho: 1 de julho, se entretanto o número de casos não obrigar a um indesejável adiamento.
"O regresso das equipas à competição após esta longa e anormal paragem enfermará dos mesmos defeitos em todos os países. Ninguém se pode admirar que o ritmo competitivo tenha baixado muito em Portugal. O problema é transversal"
Nesta fase, a ansiedade cresce, mas estamos a preparar-nos para o regresso ao trabalho, e já sabemos que no início será sem bola. Ao cabo de três meses e meio, as equipas vão voltar aos treinos (três meses e meio!!!) e o que se pede depois, quando a competição regressar efetivamente (e ainda não há datas definidas) é que haja muita paciência por parte dos adeptos e dos analistas, e que não haja conformismo por parte dos protagonistas do jogo. Não vai haver, com certeza, mas é certo que, no reaparecimento das competições, as equipas não estarão no nível a que estavam antes. Entretanto, no Rio de Janeiro, entre algumas polémicas, já se joga. E isto levanta a tal questão de que já aqui falei na semana passada: não vai haver igualdade quando regressarem as competições nacionais, como o Brasileirão e a Copa do Brasil. Os clubes de S. Paulo têm razão ao questionar esta evidência. Também concordo.
2 - O regresso das equipas à competição após esta longa e anormal paragem enfermará dos mesmos defeitos em todos os países. Ninguém se pode admirar que o ritmo competitivo tenha baixado muito em Portugal. O problema é transversal. O campeonato alemão foi o primeiro a retomar, está quase a terminar, e só agora algumas das equipas estavam a aproximar-se daquilo q ue eram em março . Nas duas últimas jornadas já vi as equipas com maior agressividade, os jogadores mais confiantes, as equipas mais organizadas, o coletivo a funcionar. E sabemos que isto irá acontecer também em Portugal. Eu espero que haja da parte dos adeptos, e especialmente dos analistas em relação ao desempenho das equipas, serenidade na hora da crítica, que pesem bem os contras de um regresso absolutamente anormal e em condições muito difíceis, que se refletem nas exibições.
"A primeira impressão é que as equipas voltaram 70 por cento abaixo daquilo que estávamos habituados a ver. No caso do futebol inglês, ainda se nota mais a falta de público, porque sabemos como o público inglês é entusiasta"
3 - E regressou, enfim, o futebol inglês! Com dois grandes jogos, ou melhor com quatro grandes equipas, Tottenham contra United, Arsenal contra o City. A primeira impressão é que as equipas voltaram 70 por cento abaixo daquilo que estávamos habituados a ver. No caso do futebol inglês, ainda se nota mais a falta de público, porque sabemos como o público inglês é entusiasta. E esta paixão que é transmitida para o relvado não está presente. Há a emoção dos jogadores, mas não há a partilha dessa emoção com o público, que torna o jogo mais apaixonante ainda. De modo que as análises que fazemos acabam por ser despidas também de emoção, porque são feitas a partir daquilo que vemos na televisão e por quilo que se escreve. Daí fazer um apelo para a Comunicação Social ter também bem presente que as equipas vêm de uma longa paragem e que vai custar-lhes muito reentrar no ritmo. A realidade do futebol é esta: hoje tem de haver mais paciência e serenidade para haver esperança no futuro.