Nenhum valor será suficiente para ressarcir o Benfica do mal que lhe foi feito
Nenhum valor que venha a ser estabelecido para danos patrimoniais será suficiente para ressarcir o Benfica do mal que lhe foi feito
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1 - Tinha que nos ter calhado a nós - desgastados por sucessivos jogos de elevada intensidade - a fava de um Boavista acabado de se reforçar com nove jogadores e um novo treinador, logo sem se saber com que tática, com que modelo de jogo, com que posicionamentos se ia apresentar em campo. Mas em tarde de merecida homenagem a uma lenda da dimensão de Michel Preud’homme, 3-0 foi resultado curto, muito curto para tanta produção atacante, para tanta oportunidade criada. Lage voltou a rodar e voltou a ganhar, vimos Belotti estrear-se a marcar, vimos Nuno Félix e Diogo Prioste como duplo pivô do meio-campo no final do jogo, e não vimos Samuel Soares ser posto à prova. Enfim, foi um belo e ameno final de tarde na Catedral, mais uma vez praticamente cheia para ver o último classificado da liga.
2 - Na Luz, o jogo com o Mónaco foi mais um de Champions impróprio para cardíacos: avanços e recuos no marcador, eliminatória para trás e para a frente, decisões arbitrais a deixar dúvidas, erros defensivos que deram golos, outros, lindos, conseguidos por arte e capricho dos craques. E ainda a cereja no topo do bolo: o Benfica qualificado para os oitavos de final e mais 11 milhões de euros em caixa!
3 - Jorge Valdano, comentador que muito aprecio, defendeu que o Barcelona tem uma autoestrada aberta para as meias-finais da Champions. Entretanto, na Cidade Condal festejaram o sorteio de sexta-feira como se de favas contadas se tratasse: temiam o PSG, desejavam o Benfica. Cabe-nos a nós explorar o favoritismo por eles declarada e descaradamente assumido.
4 - É facto: a maior parte dos críticos tirou assinatura contra Bruno Lage - até quando ganha é arrasado! Agora imaginem o que não seria se dissesse que um jogador “tem que passar a informação de que não está bem e não passou”, responsabilizando esse jogador, pelo menos em parte, por um comprometedor empate caseiro, ou o que não seria se Pavlidis tivesse alguma vez justificado a falta de golos, como fez Samu, com o facto de a equipa não criar oportunidades.
5 - Tribunal depois de tribunal, instância depois de instância, decisão depois de decisão, as pulhices perpetradas pelo FC Porto vão lenta, mas progressivamente, transitando em julgado: espiolhou desavergonhadamente correspondência privada, divulgou-a truncada para fazer passar uma ideia que não correspondia ao seu conteúdo, explorou ilegalmente segredos de negócio de um concorrente. Nenhum valor que venha a ser estabelecido para danos patrimoniais será suficiente para ressarcir o Benfica do mal que lhe foi feito.