Despedir um treinador pode parecer fácil, mas apontar a porta de saída a Martín Anselmi, num FC Porto em permanente ebulição, é tudo menos simples. Mesmo que os números gritem...
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Tomar a decisão de despedir é fácil para quem tem a última palavra. Mas, ainda que essa seja, no final do dia, uma prerrogativa de quem manda, apontar a porta de saída a Martín Anselmi nunca é, nem será hoje ou amanhã, uma decisão simples. Exceto para os adoradores das estatísticas, que não tardarão a destacar as 10 vitórias em 21 jogos — um pecúlio pobre. Muito pobre, aliás, tratando-se do FC Porto. A teimosia de querer fazer uma equipa para a qual não tinha jogadores também não ajuda à defesa do treinador.
Há atenuantes. A primeira, o momento em que chegou: um clube a viver — e que continua a viver — sobre brasas. Ainda há pouco, reinava uma certa compreensão — e até fazia sentido que assim fosse —, mas esse tempo passou. E não volta. Hoje, à falta de resultados, a contestação surge de imediato. E, quando não é numerosa, é sempre ruidosa.
É neste clima de “pouca paz social” que André Villas-Boas teve de voltar a decidir o destino de um treinador. Pela segunda vez em cinco meses, sentiu-se “pressionado” a tomar uma decisão sem, com isso, dar a ideia de que o poder caiu na rua. Um exercício difícil — como se não bastasse ter de assumir, em menos de meio ano, que o segundo treinador do “novo FC Porto” está de saída.
A reunião de ontem, no Estádio do Dragão, pode não ter terminado com fumo branco, mas também não dissipou, pelo contrário, as nuvens cinzentas que pairam sobre o futuro de Anselmi. Fica a ideia de que será mesmo Villas-Boas a decidir o que vai mudar. E se a mudança fica apenas pelo banco de suplentes.