SENADO - Um artigo de opinião de José Eduardo Simões.
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Quem diria, no início desta época, que o Sporting seria campeão nacional, batendo sem espinhas os super favoritos Benfica (que dava 10 de avanço a qualquer adversário) e FC Porto?
Quem apostaria num clube que, logo de início, foi varrido da Liga Europa por outro de dimensão menor, sofrendo um grande rombo financeiro e um forte murro no peito que abalou a confiança numa equipa que praticamente foi montada de raiz, repleta de jovens e desconhecidos?
Tenho a impressão que nem Varandas nem Amorim, mesmo nos melhores sonhos, achariam possível tal proeza...
E ela está cada vez mais próxima de se tornar realidade, 19 longos anos após o último título de campeão, com todo o mérito a ser atribuído à estrutura que descobriu e escolheu em jovens de qualidade, à equipa técnica que apostou e confiou em atletas para quem os seus rivais directos nem olharam sequer, que soube montar uma equipa com qualidade de jogo e transformar alguns desses desconhecidos em jogadores de elite que Fernando Santos já está a aproveitar para a nossa selecção e os tubarões europeus irão adquirir por verbas avultadas, para regozijo dos cofres leoninos. Também se deve atribuir mérito a uma direcção e ao presidente Varandas que soube manter um perfil reservado adequado aos tempos, obviamente difícil para quem está à frente de um clube que não é campeão há tanto tempo. Já agora, e esta análise é pessoal, penso que não haver público nas bancadas trouxe óbvios prejuízos financeiros mas foi benéfico para o crescimento da equipa. É que os adeptos do Sporting são óptimos nos melhores momentos, mas não dão o apoio necessário nos tempos menos bons e acabam por contribuir para desestabilizar e fazer a sua equipa perder demasiados pontos, sobretudo em Alvalade.
Mas muitas outras modalidades estão a ter sucesso, como o futsal campeão europeu, o basquete, que regressou em 2019/20, foi de imediato campeão, e segue em 1º lugar nesta temporada. E também o voleibol que recentemente conquistou a Taça de Portugal com a presença do capitão Miguel Maia, um grande exemplo de atleta e homem a quem os anos não parecem contar. No andebol os leões seguem em 2º lugar no campeonato e vão disputar o título frente a frente com os grandes rivais Porto e Benfica, tal como no hóquei em patins (aqui o Óquei de Barcelos é também forte competidor). No ténis de mesa o Sporting está repleto de jovens de qualidade que conquistam títulos sobre títulos a nível nacional. E as equipas femininas estão a "mostrar as garras" em algumas dessas modalidades também.
Grande temporada igualmente para o atletismo, com especial realce para as grandes campeãs Patrícia Mamona e Auriol Dongmo, que tão bem representaram Portugal nos recentes Europeus. Elas e eles, incluindo todos os que com grandes sacrifícios praticam e orientam as várias modalidades do desporto adaptado, estão a contribuir para que o ano de 2021 seja recordado pelos adeptos leoninos como o Ano do Leão. Com grande mérito de todos os envolvidos, dirigentes, treinadores, jogadores, colaboradores, funcionários, adeptos. Com sorte - mas há que dizer que a sorte dá muito trabalho. Importante, para o desporto nacional, é que este ano atípico sirva para marcar o regresso do Sporting para a frente do pelotão, sobretudo do futebol profissional e na formação, de forma a termos melhores competições, mais disputa leal e maior incerteza sobre o vencedor. E que este ano se repita mais vezes.