A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Estamos fortes: intensidade, pressão alta, reação rápida à perda da bola, excelente forma física, organização exemplar, golos e mais golos ante o 5º classificado da Liga, ambiente absolutamente único na Catedral. Que mais se pode pedir para um final de tarde de sábado em beleza? Entretanto, obrigado ao novo-velho selecionador por deixar o "monstro" Florentino connosco; e obrigado a Roger Schmidt por colocar sempre (boa) água na fervura, deixando-nos a sonhar apenas com o foco no jogo a jogo. (E amanhã não vou ver o Braga-FC Porto de cadeirinha, vou ver de poltrona!)
2 - Ao contrário do que tantas vezes aconteceu no passado recente - Bayern, Barcelona, Liverpool, PSG, Juventus -, não se pode dizer que os Deuses tenham desta vez virado as costas ao Benfica: dos sete tubarões que nos podiam calhar em sorte, o Inter é, nos dias que correm, dos menos ferozes. Mas cuidado com o animal: a linha avançada que dispõe de matadores como Taremi ou Evanilson não lhe conseguiu apontar um único golo nos 196 minutos que foram jogados na eliminatória. Vamos (continuar a) sonhar, com os pés bem assentes na terra, eliminatória a eliminatória.
3- Desapontado, José Gomes constatou que "a mancha vermelha abafou a alma e a voz" maritimista. E maior teria sido o abafo se a arbitrária prepotência dos dirigentes insulares não tivesse obrigado muitos benfiquistas a deixar cachecóis e outros adereços à porta do estádio. Vá que os mínimos civilizacionais do pobre futebol português ainda não lhes permitem açaimar os adeptos do maior de Portugal com uma fita adesiva na boca. Os dirigentes do Inter é que não estiveram com meias medidas: queixaram-se à UEFA do inadmissível tratamento dado aos seus adeptos no Dragão. Um exemplo a seguir!
4- Entre a observação crítica de que havia clubes que contratavam jogadores diretamente para o onze (e não é esse o objetivo?) e a constatação vaidosa de que "até um jogador de top mundial teria dificuldade de entrar na dinâmica" da sua equipa, passaram os meses suficientes para Sérgio Conceição ver validadas estas suas duas teses: Enzo aterrou, jogou e voou, deixando uma mais-valia astronómica nos cofres da Luz; David Carmo, que custou a bagatela de 20M€, continua a procurar aprender - na bancada, no banco ou na equipa B - as exigentes dinâmicas criadas pelo seu treinador.
5 - Com tantas e tamanhas derrotas no TAD, por que esperam os senhores conselheiros de disciplina para, todos juntos, de uma vez só, apresentarem a demissão? Não há por ali um pingo de vergonha, de brio, de dignidade? Não há por ali um pingo de nada?