Não é pois de estranhar que abordar assunto como o da arbitragem seja como ir à procura do centro do mundo com venda nos olhos.
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Sim, a maior desvantagem de um árbitro é obrar num mundo onde dificilmente é prezado e entendido. Sim, ao exercer a sua autoridade, deve fazê-lo com sentido de equilíbrio, exigindo-se-lhe energia e firmeza na determinação das decisões.
Sim, decidir no ápice, sem hesitar, com hipótese de consulta reduzida, é extremamente difícil, especialmente em Portugal, onde a cegueira clubista dos mais ativos renega toda e qualquer razão, tolda qualquer laivo de inteligência. Essa exacerbada paixão tornou-se, ao longo dos tempos, em preponderante veículo promocional para uns quantos manipuladores do fenómeno. Gente - nos vários quadrantes do futebol, quais chicos-espertos que não visionários - que se perpetuou no poder graças a uma visão privilegiada do "marketing" desportivo, muito antes da atual sofisticação.
Não é pois de estranhar que abordar assunto como o da arbitragem seja como ir à procura do centro do mundo com venda nos olhos. Mais do que algo interdito, qual tabu, a arbitragem transformou-se, ou transformaram-na, no epicentro do próprio futebol. Tudo parece girar à sua volta, mesmo quando não há volta a dar perante evidência de factos que conduzem em sentido contrário. São múltiplas as motivações para que tal aconteça. Encontrar respostas e soluções apropriadas? Complicado! Mesmo para quem vive desprendido do sector pois, a paixão sempre se sobreporá aos pormenores.
>> O retrato do nosso futebol não se dissocia, acima de tudo, da nossa cultura, da nossa maneira, por vezes "pequena", de ser português. Reconheça-se, também, o futebol europeu e mundial, valha a verdade, em boa parte, em nada difere do nosso. Aos árbitros impõe-se uma premissa: respeitar todos os demais agentes desportivos, público incluído. Há que entender os adeptos. O futebol é paixão.
>> Muitas e diversas são as personalidades que fizeram e fazem o protagonismo do nosso futebol. Entre elas são poucas as, indiscutivelmente, figuras de proa, respeitáveis e sérias, a quem muito o futebol possa dever. Outras, pela controvérsia negativa que provocam, pelo dúbio comportamento por todos reconhecido e pela boçalidade do seu carácter, não passam de autênticos figurões.