João Pereira não é Rúben Amorim. Mas se tem esse “defeito”, também tem a inegável qualidade de ter sido o treinador que teve a coragem para pegar no trabalho que o antecessor deixou a meio.
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Há dias, escrevi neste espaço que a primeira qualidade de Bruno Lage, nesta segunda passagem pelo banco do Benfica, foi muito simplesmente não ser Roger Schmidt. A intolerância dos adeptos encarnados em relação ao treinador alemão tinha atingido um ponto em que qualquer alternativa seria imediatamente melhor. Lage, como parece evidente, tem muitas outras qualidades enquanto treinador para além dessa, que era comum a todos os que não fossem Roger Schmidt.
João Pereira tem exatamente o problema inverso. O seu primeiro defeito é não ser Rúben Amorim. Claro que é um defeito partilhado por qualquer alternativa que Frederico Varandas tivesse avançado para o cargo. Ninguém, para além do próprio, seria Rúben Amorim. Até por isso, a devoção dos adeptos do Sporting pelo treinador que os devolveu, não apenas aos títulos, mas à condição de favorito à sua conquista, sairia sempre frustrada, fosse quem fosse a substituí-lo. Mas, se João Pereira tem esse defeito de não ser o antecessor, tem também uma qualidade inicial incontornável: foi ele quem aceitou levar até ao fim a tarefa que Amorim deixou a meio.