PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha
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Devo ter sido um dos muitos vitorianos que ficaram surpreendidos com a notícia da saída de Luís Freire. Um abandono para o qual (com os dados conhecidos) não consigo encontrar nenhuma justificação aceitável. O nosso agora ex-treinador chegou ao Castelo para treinar um plantel que não escolheu, quando estávamos meio deprimidos. Teve ainda de aguentar a perda de três dos nossos craques.
Ainda assim, apesar dos pesares, conseguiu recuperar uma distância que se chegou a pensar ser uma miragem. O amargo de boca que ficou daquela derrota perante o Farense não apaga o que de bom se fez antes. Por outro lado, sentia-se que a massa adepta, na sua maioria, reconhecia os méritos do míster. Para lá das muralhas da cidade, Freire é visto como alguém que tem feito uma carreira sustentada, com vários projetos de sucesso, subindo a pulso os vários escalões do futebol português. É um técnico a quem se augura um futuro risonho. Por outro lado, uma das críticas que mais se tem feito a este presidente é a instabilidade nos cargos que o rodeiam.
Pois bem, nada disto impediu que tivesse levado guia de marcha. Na minha ingenuidade, pensei que as movimentações de mercado que iam sendo faladas na Imprensa já eram fruto de um trabalho de equipa de braço dado com o então treinador vitoriano. E era assim que devia ser. Pura ilusão. As tais movimentações estão a ser feitas de cima para baixo, sem o Vitória ter sequer treinador.Sempre preferi uma gestão que privilegiasse a estabilidade em detrimento daqueloutra que convive bem com mudanças sucessivas. Reconheço que há emblemas que têm tido sucesso neste último quadro (Braga e Moreirense são exemplos). Mas ainda assim continuo a achar que muitas destas decisões, no fim do dia, prejudicam mais do que ajudam. Preferia mil vezes que o Vitória tivesse anunciado, semanas atrás, que Freire seguiria ao comando da nau, fosse qual fosse a classificação final. Como em tempos ouvi de um dirigente, a confiança num treinador não se proclama com aqueles votos que as Direções dão e que normalmente antecedem em poucos dias o despedimento. Dá-se, isso sim, com atos concretos.
Resta a hipótese de haver aqui alguma incompatibilidade ou problema que desconhecemos. Mas, então, o problema seria o padrão. É que se volta a ser essa a questão, isto começa a fazer lembrar aquela alegoria em que o mãe do soldado que marcha ao contrário dos demais acha que é ele está certo e os outros todos mal…