Se a intenção da FIFA era oferecer um aperitivo de propaganda do futebol ao público americano, o fracasso é enorme
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Este mês de Junho tem sido marcado pela realização do Mundial de Clubes nos Estados Unidos da América.
Quando seria suposto que os jogadores e staff técnico das equipas europeias presentes no evento estivessem em gozo de férias, estas continuam em competição.
Só mais tarde, no decorrer da época 2025/26, será possível avaliar os efeitos nefastos desta participação. Os jogadores destas equipas estão fartos de futebol, e só querem umas semanas de descanso.
O futebol praticado tem sido sofrível, reflectindo o cansaço sentido pelos jogadores e staff técnico.
A vantagem das equipas sul-americanas é evidente, especialmente as brasileiras e as argentinas, que ainda nem sequer atingiram a metade da época desportiva. A disponibilidade física e psicológica fará a diferença, e não será surpreendente que uma equipa proveniente destes países ganhe o torneio.
No meio desta trapalhada até deu para que uma equipa de amadores participasse numa competição de futebol profissional – o Auckland City. Imagine-se como é que esta rapaziada chegará ao terceiro jogo, jogando três jogos em pouco mais de uma semana.
Se a intenção da FIFA, ao marcar a realização do torneio nos EUA, era oferecer um aperitivo de propaganda do futebol ao público americano, que antecederia a realização do Mundial de Selecções no próximo ano, o fracasso é enorme.
Mau futebol em estádios “às moscas” é anti-propaganda.
O Soccer – nome dado à prática do futebol para o diferenciar do futebol americano – não está, nem de perto nem de longe, entre os desportos de equipa mais populares nos EUA.
A extraordinária capacidade técnica e física da maioria dos atletas, aliada a uma enorme intensidade competitiva, fazem do beisebol, futebol americano, basquetebol e hóquei no gelo, os desportos-reis nos EUA.
Muitas das equipas que disputam a liga profissional norte-americana de futebol (MLS), estão recheadas de jogadores reformados do futebol europeu. O seu tempo já passou!!!
De acordo com as notícias que vão circulando, o sucesso comercial e desportivo deste torneio é um flop.
Patrocinadores, nem vê-los. Bilheteira, um fracasso. Até a novela dos direitos de transmissão televisiva é reveladora.
Sem interessados em pagar mil milhões de dólares por esses direitos, lá apareceu à última hora a DAZN a pagar essa verba, oferecendo ao público em geral o visionamento gratuito dos jogos. Extraordinário!!!
Como seria de esperar, o processo não ficou por aqui, porque o fundo público de investimento saudita terá comprado 10% da DAZN por precisamente mil milhões de dólares. Voilà!
Estando previsto o pagamento de 475 milhões de dólares em prémios de participação, jogo, passagem às fases seguintes do torneio e final, é esclarecedor o lucro da FIFA. Como tanto no futebol como na vida, em geral, não há refeições grátis, vamos esperar para ver qual será a contrapartida da Arábia Saudita.
A gestão da FIFA do futebol mundial resume-se a uma frase: “money talks, bullshit walks”.
Até para a semana.