Mundial 2030: Governo com rabo de fora
O projeto de candidatura tripartida de Espanha, Portugal e Marrocos já nasceu torto porque uma das partes, a portuguesa, se fez de desentendida
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"Não há outra alternativa senão concluir que neste projeto de candidatura tripartida ao Mundial de 2030 há um Governo que ficou com o rabo de fora. O de Portugal"
A menos que o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tivesse perdido o juízo, achando que governava também em território português, não há outra alternativa senão concluir que neste projeto de candidatura tripartida ao Mundial de 2030 há um Governo que ficou com o rabo de fora. O de Portugal.
Na visita a Marrocos, Sánchez confirmou abertamente ter convidado o rei marroquino a juntar-se a Espanha e Portugal, carimbando uma notícia que já andava a circular há muito (O JOGO fez eco dela na primeira quinzena de setembro). Por não ser novidade absoluta, estranha-se que o primeiro-ministro António Costa e o ministro que tutela o desporto, Tiago Brandão Rodrigues, tenham sido apanhados de surpresa quando lhes foi pedida uma reação. Ambos usaram uma velha técnica de comunicação que permite um desvio da verdade sem mentir. "Oficialmente..." ou "formalmente" não sabemos de nada, disseram um e outro, como se estivessem apenas vinculados a um projeto se ele aparecer escrito em papel azul timbrado de 25 linhas.
Teria sido bem mais simples admitir a existência de conversas informais, mesmo que um assunto potencialmente despesista pudesse trazer alguns incómodos nesta época de negociações orçamentais, e fazendo depender a resposta definitiva de um estudo aprofundado sobre o custo real de uma participação de Portugal. Mas não. Preferiram fugir ao assunto, dar a volta a uma rotunda e, no fundo, sugerir que o primeiro-ministro espanhol anda a delirar sobre coisas que não existem.
Bonito serviço diplomático...