VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Com dois jogos num só dia, eis o dia 1 da nova temporada no que diz respeito a apresentações aos adeptos. Ainda que o jogo de apresentação frente ao Atlético de Madrid só aconteça no próximo domingo, hoje já será possível jantar em troca de impressões após um primeiro vislumbre da marca digital de Farioli. Pela manhã, no Olival e frente ao Feirense da II Liga, uma eventual oportunidade para perceber o que as segundas linhas do plantel têm para mostrar ou provar, certamente mescladas com um conjunto alargado de jogadores. Sendo mais ou menos, entre a quantidade e a qualidade, os adeptos procurarão perceber que tipo de jogo é o que nos aguarda esta época, após os bons indícios que chegam do plantel no que diz respeito à força e ao espírito de grupo que o treinador italiano parece estar a conseguir impor. O teste com o Twente é, assim, um cartão de visita na morada certa.
Esta terá de ser uma época em que todos comecemos unidos, sob pena de nos encontrarmos partidos antes do final
Mais do que os números nas camisolas, a cor das mesmas. Não é assim tão importante saber se Rodrigo Mora tem a camisola 10, tal como não é fundamental saber quem transportará a camisola 2. É mais do que altura de os jogadores perceberem que é no 31 que todos têm que apostar, como uma roleta azul e branca que só pode ter uma cor. Corremos atrás da 31.ª Liga, ou 31.º Campeonato. E é aí que os adeptos fazem a sua parte de dragão: esta terá que ser uma época onde todos comecemos unidos sobre pena de nos encontramos partidos, inapelavelmente, antes do final. Que todos sejamos exigentes, críticos e unidos por uma das maiores aquisições imateriais da nossa vida: ser do FC Porto.
É também por isso que a expectativa cresce à volta dos reforços e da qualidade que podem entregar à equipa. Não pelas comissões pagas ou percentagens de intermediação que sempre existiram e existem. Não pelo valor das cláusulas de rescisão, inflaccionadas para árabe ver. Não pela soma de grandeza dos milhões das transferências que indiciam uma aposta forte e que se espera cirúrgica. Mas antes pelo que os jogadores contratados podem trazer para campo na dimensão de um sistema táctico defensivamente seguro e de passos largos nas transições ofensivas. Agora que Gyokeres saiu, um novo Victor sem comparação possível. Confesso que é aí que deposito expectativa no dinamarquês Victor Froholdt que, apesar dos seus 19 anos, pode ter uma forte zona de impacto no futebol português, até pelo carácter diferenciado das suas qualidades no centro do terreno. Já era tempo, e tenho-o dito permanentemente, do FC Porto encarar o mercado nórdico como uma solução para os seus problemas de “punch”. Neste caso, de progressão e verticalidade. Talvez hoje já tenhamos um pouco desse sabor.