FORA DA CAIXA - A opinião de Joel Neto.
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O futebol português pagou pelos seus erros quando teve de promover os alargamentos que trouxeram de volta o Boavista e o Gil Vicente à Primeira Liga, mas já teve mais do que tempo para corrigir a situação.
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Ver Fernando Gomes andar agora a tentar convencer os clubes e as associações da necessidade de uma redução, aflito perante os anunciados novos formatos das provas europeias, é quase desconcertante.
Mas isso não significa que não tenha razão. Um campeonato nacional com mais de 16 equipas é um desperdício de tempo, recursos e forças. E é também, ou (neste caso) sobretudo, um desperdício de competitividade, ou pelo menos de intensidade competitiva.
Para que a nova Liga dos Campeões (desde logo, mas não só) constitua uma oportunidade por oposição a qualquer projeto de Superliga Europeia, e ainda que não o constitua em comparação com o modelo atual, a reformulação dos quadros competitivos é essencial. Vai contra todos os suplementos de calendário aprovados nos últimos vinte anos - a Taça da Liga, as equipas B, a Liga Revelação, até a Seleção B, felizmente nem todos em vigor -, mas será, finalmente, um passo na direção certa.
Para ser mais competitivo lá fora, o futebol nacional tem de conter as energias empreendidas cá dentro. E, sem ser competitivo lá fora, perderá grande parte da força que ainda conserva entre nós. As novas gerações de adeptos já são "do" Real Madrid, "do" Barcelona, "do" Manchester City, "da" Juventus. Pior: com o futebol remetido à televisão durante um ano e meio, portanto equiparando um português e um espanhol que se reclamem adeptos (por exemplo) do Real, é inevitável que a situação se agrave.
O futuro não se fará com os mesmos conceitos que nos trouxeram até aqui. E que, mesmo aqui, já nos deixam tão periclitantes.
