Maus exemplos
Insultos e ameaças entre dirigentes de topo não podem ser desvalorizados como o novo normal no futebol português
Corpo do artigo
É seguro supor que, quando o advogado do Benfica, João Correia, garantiu que "quem semeou ventos vai ter de colher tempestades" não estivesse a antecipar o temporal que se abateu sobre a assembleia geral da Liga que decorreu ontem à tarde. E, no entanto, há quem garanta que o bater de asas de uma borboleta em Lisboa pode provocar um ciclone no Porto. A multiplicação de versões sobre o que aconteceu de facto na sede da Liga não permite conclusões definitivas, mas há pontos comuns a todos os relatos que autorizam uma conclusão segura: nenhum dos protagonistas ficou bem na fotografia. Nem Bruno Mascarenhas, que semeou ventos ao chamar "cabecilha do e-Toupeira" a Paulo Gonçalves; nem Paulo Gonçalves, que numa reação tempestuosa ameaçou o sportinguista com um ajuste de contas fora do recinto na melhor tradição do Faroeste; nem António Salvador que, se queria verdadeiramente serenar os ânimos, talvez pudesse ter dispensado referir-se a Bruno de Carvalho como palhaço, até porque o presidente do Sporting nem sequer estava presente. Que, por sua vez, o presidente da AG, Mário Costa tente colocar água na fervura, relativizando o episódio, é compreensível. Que o faça dizendo que aquilo que se passou é uma discussão normal entre clubes quando faltam três jornadas para o final do campeonato é preocupante. Se começarmos a achar que os insultos e as ameaças são normais entre dirigentes com responsabilidades, o que podemos verdadeiramente esperar dos adeptos dos respetivos clubes que se reveem em semelhantes exemplos?
