JOGO FINAL - Uma opinião de José Manuel Ribeiro
Corpo do artigo
O balneário está presente nos relvados, em todos os jogos, mas o público e os jornalistas jamais o verão. É o futebol invisível. Por regra, também escapa aos dirigentes e mesmo os treinadores mais perspicazes só o conhecem até certo ponto.
A saúde coletiva obrigava FC Porto e Benfica a livrarem-se de dois perigos para a saúde do balneário, por razões diferentes. E a custos diferentes também.
Num balanço às duas épocas de Benfica, Darwin dizia no início do mês que "talvez, em alguns momentos, tenha faltado um pouco mais de companheirismo, de convívio entre todos, para nos conhecermos melhor".
Não chega juntar bons jogadores, é preciso juntar vontades também, e isso requer atenção aos detalhes. Marchesín, no FC Porto, era um detalhe importante. Pizzi, no Benfica, é outro. No primeiro caso, a amargura ou mesmo a revolta, se lhe fosse recusada a saída, seriam péssimos colegas de cacifo.
No segundo, a suspeita tornou-se irrevogável, não importa o quão injusta possa ser a tese de que Pizzi minasse o grupo, e a suspeita também não é personagem que se convide para a intimidade de uma equipa. Darwin confirmou apenas o que os resultados e os jogos sugeriam, no único vislumbre do balneário que é permitido ao observador externo: estavam ali os jogadores, mas nem sempre estiveram as vontades.
Como cegos às apalpadelas, os dirigentes e os novos treinadores, apenas um pouco menos ignorantes da realidade do balneário do que nós, têm de guiar-se pelas meias verdades que julgam conhecer para curar a equipa das suas doenças. Os custos variam. O FC Porto paga pela saúde coletiva um guarda-redes muito difícil de substituir à altura. O Benfica não pode saber o que paga.
O Pizzi de há apenas duas épocas marcou 30 golos e fez 19 assistências, antes de entrar num estranho limbo que o despejou neste papel de trambolho. Não sei e ninguém sabe quanto seriam, ao câmbio de Schmidt, 30 golos e 19 assistências. Mas devíamos saber que é estranho parecerem tão pouco que só falte ao mundo benfiquista lançar foguetes por se ver livre deles.