Discutir lances polémicos é fácil, mas aceitar opiniões dos ex-árbitros exige poder de encaixe. Porque se hoje está tudo bem, amanhã pode ser a razão de tudo estar mal
Corpo do artigo
Sendo fácil todos ficarem satisfeitos com a decisão da arbitragem ter aceitado, em tempos, juntar-se à arena das discussões sobre os lances mais, ou ligeiramente, polémicos de uma jornada, a mesma atitude de compreensão deve aceitar todas as opiniões do ex-árbitro, mesmo quando o que se ouve ou lê fica nos antípodas do que se tinha como certo. Saúda-se essa coragem da arbitragem, que é também terreno fértil para mais lenha para a fogueira do que água para o fogo, devendo, por isso, os árbitros - e quem neles manda - manter a capacidade de ouvir, acenar e seguir em frente.
A verdade é que o risco é enorme. Pode mesmo discutir-se se quem está a analisar a arbitragem deve explicar uma qualquer decisão - ainda que a frio e dias depois, não a quente numa qualquer flash interview ou sala de imprensa - e dar-se ao papel dos jogadores ou treinadores. Ambos estão sujeitos à crítica, mas um pormenor muda muito: um golo falhado, uma substituição mal pensada é apenas isso. Não há intensidade, não há um agarrar de camisola ou empurrão. Não há VAR, portanto, para analisar onde o pé bateu na bola ou onde estava a cabeça do treinador quando tirou o avançado e meteu um defesa.