Nenhum treinador do Moreirense, desde 2016, chegou ao prazo de validade da mostarda. Não se percebe se o que aterroriza Vítor Magalhães é uma descida de divisão ou uma inspeção da ASAE.
Corpo do artigo
Três dias mais do que o leite em pó, 27 dias menos do que a maionese. Foi esse o prazo de validade do treinador Lito Vidigal (33 dias) no Moreirense.
Fui estudar o tema: guardado no congelador, um iogurte dura mais tempo. Desde Miguel Leal, em 2016, só dois técnicos (em 14) chegaram aos 180 dias das frutas cristalizadas e nenhum atingiu a data de expiração da mostarda. Nem se percebe se o que aterroriza o presidente Vítor Magalhães é uma descida de divisão ou uma inspeção da ASAE. Talvez ele se dê bem com a turbulência.
O Moreirense deve o seu ano dourado (a Taça da Liga 2017) a um treinador do meio, no sentido de que Inácio substituiu Pepa em novembro e deu a vaga a Petit em março. Não deixa de ser verdade que a melhor classificação de sempre (6.º lugar) deu-se numa época sem chicotadas (2018/19, Ivo Vieira), mas o pandemónio das duas seguintes rendeu a segunda melhor (8.º), e com oito milhões de euros em vendas no topo do bolo. Significa isto que o crime compensa? Ao contrário: significa que o Moreirense, noutras áreas saudável e bem gerido, podia chegar muito mais longe se percebesse que um treinador não é outro saco de batatas na despensa, mas antes um técnico de qualificações específicas com quem se trabalha e em cujas decisões se deve confiar. Ou então, se achamos que temos mais aptidões para esse serviço, eliminamos o intermediário e vamos nós para o treino e para o banco, dar a cara pelas nossas convicções, em vez de tentarmos repetidamente que seja um treinador-marioneta a fazê-lo. Já agora, sabendo deste histórico, não é um bom indicador das capacidades de escolha dos dirigentes do Moreirense terem ido contratar, para este lugar sobre brasas, um Lito Vidigal conhecido pela facilidade com que lhe chega a mostarda ao nariz. E já sabemos (fui ver) que a mostarda dura.