Com uma mão-cheia de treinos realizados, o Benfica de Bruno Lage ainda é um esboço daquilo que poderá ser quando o treinador tiver tempo para lhe dar os retoques finais.
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É verdade que o Benfica podia ter evitado os calafrios finais por que passou em Belgrado, até porque o jogo deixou evidente a diferença de qualidade entre os encarnados e o Estrela Vermelha. Permitir aos sérvios ressuscitar o jogo, expor-se à hipótese de sofrer um empate que teria impacto nas contas da Champions, mas também na consolidação dos índices de confiança da equipa, foi um risco desnecessário, mas compensou.
De resto, é natural a tentação de gerir uma vantagem de dois golos quando o adversário é praticamente inofensivo e as circunstâncias obrigam a pensar em primeiro lugar na recuperação da desvantagem no campeonato. Bruno Lage segue com duas vitórias em dois jogos com uma mão-cheia de treinos realizados e pouco mais do que bom senso na construção do onze, o que diz qualquer coisa sobre o potencial de crescimento da equipa e outro tanto sobre o tempo que foi perdido a insistir em Roger Schmidt contra as evidências de que o ciclo do alemão tinha terminado há muito. Aliás, se estes dois jogos não chegam para dissipar todas as dúvidas sobre o facto de Lage ser o treinador certo, tiveram pelo menos o condão de esclarecer definitivamente que Schmidt era o treinador errado. Ainda assim, sobram do jogo de ontem algumas preocupações para o técnico encarnado. Bah lesionou-se e Kaboré esteve longe de garantir que é a solução ideal para a eventual ausência do dinamarquês, enquanto no outro lado da defesa Beste mostrou que ainda não é uma alternativa credível a Carreras e muito menos o clone de Grimaldo que os encarnados procuravam. Aspetos a que o treinador terá de dar atenção quando, finalmente, tiver tempo.