Pescar juízes sem clube é complicado, mas deve haver um ou dois com o discernimento de não se meterem no Facebook
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No caso e-Toupeira, o tribunal da Relação atacou a competência do Ministério Público para justificar a decisão de não levar a SAD a julgamento e com aparente razão: o MP desistiu de interrogar o presidente do Benfica num tema em que isso era mais do que imprescindível, abrindo caminho ao que sucederia depois, isto é, a falta de fundamentação para acusar a SAD.
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS
Até o primeiro-ministro teve de estrebuchar no caso Tancos para prestar depoimento por escrito, mas Vieira diz que está com amnésia e a Justiça portuguesa, que pode mandar a polícia buscá-lo a casa, embarca nisso? Tal como fizeram o país, a Imprensa, os outros juízes, o Conselho da Magistratura?
A partir desse momento, a dúvida por serenar na cabeça das pessoas está justificada. Mas um juiz benfiquista não põe os processos mais em causa do que um juiz portista ou sportinguista. Seria uma canseira procurar juízes asséticos, sem clube, sem religião e, já agora, assexuados. O problema do juiz Paulo Registo não é ser benfiquista; é não ter o juízo - importante, sendo juiz - para não fazer "likes" no Facebook em coisas que poderá ter de vir a julgar.
Um juiz benfiquista com juízo é diferente de um juiz benfiquista sem juízo. Diria mesmo que juiz com Facebook é diferente de juiz sem Facebook, não por eles terem menos direitos individuais do que o cidadão comum, mas por levantar dúvidas sobre o discernimento. Os juízes não podem ser levianos em público, nem, remetendo para um caso anterior, "fanáticos" de coisa alguma que não seja a Justiça.
