Opinião de José Manuel Araújo, Secretário-Geral do Comité Olímpico de Portugal
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Há cerca de um mês terminaram os Jogos Olímpicos, celebrados na monumental cidade de Paris, a qual soube aliar de forma perfeita os seus espaços simbólicos com os ícones do desporto.
Portugal teve a melhor prestação de sempre, com quatro medalhas (um ouro/duas pratas/um bronze), celebrando dignamente o 100.º aniversário da sua primeira medalha nos Jogos, conseguida precisamente nesta cidade.
Estes resultados mostram uma grande consistência entre ciclos, uma vez que se atingiram sucessivamente (em Tóquio e Paris) resultados jamais alcançados. Cumpriu-se a esmagadora maioria dos critérios contratualizados com o Governo no Programa de Preparação Olímpica, reforçando o valor desportivo da Equipa Portugal, a reputação institucional do Comité Olímpico e o trabalho das federações desportivas nacionais e suas equipas técnicas.
Mas, mais importante, abriram-se horizontes e perspetivas de futuro, com a emergência de jovens valores e modalidades desportivas em posições cimeiras, com sinais muito promissores do crescimento técnico em várias modalidades e a estreia de muitos jovens - 50% dos atletas da Equipa Portugal estrearam-se em Jogos Olímpicos.
E, pela primeira vez na história do nosso movimento olímpico, foi conseguida uma representação em que a igualdade de género foi plenamente atingida, o que muito orgulha o Comité Olímpico de Portugal.
Dito isto, é preciso ambição para consolidar este futuro, olhar para a frente, certos que para fazer mais num ambiente cada vez mais exigente e competitivo é preciso mais, um investimento do Governo no desporto coerente com o que primeiro-ministro afirmou em Paris, na sua presença quase inédita para acompanhar as competições. Mas também um compromisso das empresas e da sociedade civil com a sua Equipa Olímpica ao longo de todo o ciclo olímpico.
Olhar para o desporto como política pública significa mais atenção em diversas áreas, colocando o Desporto como atividade socialmente relevante, reconhecida pelo Estado como determina a Constituição, mas também mais meios e benefícios no apoio à Equipa Portugal para, em conjunto, se subirem patamares e confirmarmos nos resultados a ambição que nos une.
Porque todos sabemos que, mais que a vontade pessoal de cada atleta em se superar e atingir as marcas ambicionadas, está a honra de, sempre, servir Portugal.