PLANETA DO FUTEBOL - Uma análise de Luís Freitas Lobo
Corpo do artigo
O relvado oferece ao jogo três corredores para jogar e chegar à baliza (o corredor central e as duas faixas) mas, por vezes, torna-se quase só num túnel escuro feito por esse longo espaço central duma área à outra. O FC Porto de Farioli encontrou-se nessa escuridão tática da zona central, o habitat natural da pressão e coberturas feitas pelo 4x2x2x2 estendido verticalmente pelo onze austríaco.Durante quase todo o jogo, qualquer ideia mais criativa para o jogo chocava com sucessivos duelos em que os austríacos (a partir a dupla de médios centro Diabata-Bidstrup) sentia-se no seu território do estilo (apesar do incansável sair a morder de Froholdt). Podia parecer uma estratégia demasiado defensiva, mas tinha sobretudo a força do que sabem fazer. O FC Porto estava preparado para o anular (e jogar esse jogo) mas demorou a mostrar que também tinha um plano para o ultrapassar.
O vício dos laterais "por dentro" intensificou mais o problema pelo que foi quando passou a abrir mais o campo, com laterais mais soltos (Martim-Moura) a sair e, sobretudo, um extremo de invenções, William Gomes, que saiu do túnel escuro central. Ou seja, era preciso tirar a bola da zona de pressão confortável do Salzburgo e puxá-la para o "jogo exterior" (os corredores laterais) fazendo dançar a ordem austríaca montada para resistir no meio. Sempre que o fez, apresentando a bola ao flanco, mostrou como podia ganhar o jogo.