A opinião de Miguel Pedro, aos domingos n'O JOGO.
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A brilhante vitória bracarense no Dragão teve a virtude de, pelo menos durante um par de dias, ter colocado o SC Braga no radar da comunicação social.
O jogo foi digno de um argumento hollywoodiano: entrada de sonho de um SC Braga que recusou, de forma afirmativa, o cansaço dos sucessivos jogos, uma expulsão a complicar e mais de uma hora a aguentar um ataque violento de um FC Porto imbuído da agressividade própria de um predador ferido. Os jornais, as rádios e as tvs logo falaram do jogo, pondo, por vezes, mais ênfase na circunstância do Porto ter perdido do que do Braga ter ganho. O que é injusto, pois este jogo é a confirmação (se é que precisávamos dela) de que o SC Braga sabe construir equipas vencedoras e são as equipas que ganham os jogos.
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E, como sabemos, no futebol, como no resto, uma equipa vencedora é muito mais do que a mera soma das suas partes constituintes. Não é de agora que o SC Braga tem demonstrado saber construir um plantel competitivo e os resultados dos últimos anos têm confirmado isso. Mas este ano este aspeto tem sido demonstrado até à exaustão, face ao inédito percurso da equipa de Carvalhal, obrigada a jogar jogo atrás de jogo, sem descanso. Construir um plantel assim só se consegue alimentado muito o sentimento de pertença a uma equipa, algo que seja sentido por todos e por cada um dos intervenientes. Quando dizemos que no Braga não há titulares, mas apenas jogadores prontos para servir a equipa, isso parece não ser uma mera afirmação gratuita. É a verdade.
Contra o Porto ficaram de fora, por lesão, Francisco Moura, Sequeira, David Carmo, Rolando, Castro, Gaitán e Iuri Medeiros; se a isto juntarmos a saída, em janeiro, de Paulinho, Bruno Viana e Schettine, logo se compreenderá que quero dizer. Construir um plantel é um processo complexo: desde as decisões de política empresarial - e nisso a administração da SAD tem demonstrado grande competência, pois cumpre afirmar que o atual plantel foi construído a custo zero, em termos de despesas de aquisição de jogadores -,passando por questões de equilíbrio da equipa (não basta adquirir jogadores, pois os mesmos tem que se complementar nas suas características ) até aos aspetos da vida quotidiana, onde todos são importantes, desde o treinador, jogadores, funcionários, médicos, etc... Conseguir este equilíbrio dos inúmeros aspetos da vida de uma equipa de futebol (uso o termo em sentido tão amplo, por forma a abranger os funcionários da estrutura, cuja importância é, por vezes, ignorada) tem sido e é o segredo deste SC Braga.
Este jogo é a confirmação (se é que precisávamos dela) de que o SC Braga sabe construir equipas vencedoras
Construir uma equipa é, assim, fazer com que cada um que dela faça parte se sinta verdadeiramente importante e imprescindível, sentindo cada vitória como sua, e é isso que este SC Braga conseguiu. Daí que seja fácil para jogadores como Piazon chegarem, jogarem e se afirmarem logo como mais um elemento pronto para servir os propósitos da equipa. Ou Borja, ou Sporar; ou os jovens Bruno Rodrigues, Rodrigo Gomes, Vítor Oliveira ou o Hernâni. "Unus pro omnibus, omnes pro uno".