APITADELAS - Uma opinião de Jorge Coroado
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Exemplos de critérios díspares surgem amiúde e nas mais diversas competições nacionais ou internacionais. No jogo SLB-Salzburgo, ainda muitos se sentavam, já o árbitro assinalava penálti e exibia cartão amarelo ao guardião da casa que, em saída a destempo, falhou a bola e socou cabeça de avançado contrário.
Na terça-feira, em Barcelos, no encontro Portugal vs. Noruega (Liga das Nações Feminina), aos 63', a guardiã nórdica fez exatamente o mesmo sem que qualquer punição acontecesse. Dois lances idênticos, decisões completamente opostas de oficiais de jogos diferentes.
No clássico de sexta-feira, o árbitro João Pinheiro (deve ter ficado agradado pela prestação, porquanto terá correspondido aos desígnios do nomeador e este deverá estar com sorriso nos lábios, mas, caso tivesse um pouco de dignidade, estaria, ainda hoje, ruborizado) fez, indiscutivelmente, juízos descabidos.
A possível falta na origem da expulsão determinada aos 19', por muito que custe aos apologistas da mesma (O Sr. Roger(io), desta feita, podia ter dito: "O árbitro esteve do nosso lado"), não preenchia requisitos que são: distância entre o local da infração e a baliza; a direção da jogada; a possibilidade de manter ou controlar a bola; a posição e o número de defensores. Neres, podia ficar, mas não estava, dominador da bola nem enquadrado com a baliza (lembrem-se do funil formado pelos vértices da linha de meio-campo e postes da baliza, senhores), de igual modo David Carmo, em diagonal, podia atalhar caminho.
Mais tarde, considerando ter derrubado Rafa, exibiu cartão amarelo a David Carmo. Não existiu qualquer falta para o efeito, mas tivesse acontecido aqui sim, seria cartão vermelho.
Encómios
O CA da AF Porto, desde tempos imorredoiros, encontrando forma e meio de os apoiar e acompanhar, demonstrou continuamente particular atenção pelos seus filiados. Nas provas de aferição obrigatórias promovidas pelo CA da FPF, sempre tinham alguém presente, obviamente, não só com a singela vontade de verificar prestações, empenho e comportamento, antes, sim, desenvolvendo, também, magistério de influência na defesa dos seus representados. Há, contudo, que reconhecer a dinâmica e vontade em dotar os seus elementos das melhores ferramentas permitindo-lhes evoluir sustentadamente. O recente protocolo estabelecido entre a direção da AF Porto e a congénere da Galiza justifica encómios.
Pelo livro
Arbitrar pelo livro, não é difícil. Muitas foram as vezes em que vontade não faltou para, do princípio ao fim de um jogo, assim acontecer, mas a beleza do futebol encontra-se na dinâmica, arte, engenho e vertente física. Arte será a competência do jogador em dominar o esférico, tratá-lo com "enlevo". Engenho, a capacidade que o mesmo tenha para ludibriar a atenção do adversário. Na vertente física, naturalmente, resistência, força, impulsão, velocidade, hoje envergadura, são primordiais. Por inerência, será melhor árbitro todo aquele que mais e melhor aptidão tenha para interpretar aquelas especificidades, deixando que sejam expressas nos limites, mas sempre com respeito.