A LESTE DO RENO, um artigo de opinião de Francisco Sebe, enviado especial à Alemanha
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A tendência de colocar as estrelas do futebol no patamar dos deuses não é nova e até pode ser considerada natural, mas, na maioria das vezes, faz com que os adeptos esqueçam que, por trás dos craques e daquilo que cada um faz nos relvados, há pessoas de carne e osso, com problemas iguais aos de um comum mortal.
Ontem, em Marienfeld, João Cancelo deu um exemplo vivo dessa dicotomia, quando, em resposta a uma questão sobre a custosa ausência do Euro’2020, ficou com a voz embargada ao falar “da família e dos amigos com que jogou na rua”. A emoção do lateral foi fugaz, mas não passou despercebida aos presentes. Terminada a conferência, o falatório centrou-se no jogador e rapidamente surgiu a constatação: “A nível pessoal, nunca teve uma vida fácil.”
É verdade. Para lá da inesperada perda da mãe num acidente de viação em 2013, Cancelo viu a família ser ameaçada após a eliminação do Barcelona contra o PSG, na Champions. É importante não esquecer: os astros são, acima de tudo, humanos.