O dilema de Jardim é simples: tem a faca e o queijo na mão, mas o que se lhe pede é que multiplique os pães...
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O dilema de Leonardo Jardim é muito simples de explicar: de que lhe vale ter a faca e o queijo nas mãos quando o que se pede é que multiplique os pães?
Os resultados deram-lhe crédito que a próxima época se encarregará de transformar em exigência, porque isto de conseguir fazer-se muito com pouco passa num instantinho de milagre a fórmula obrigatória. A gestão de silêncios e as meias palavras quando o assunto é renovação, porque ainda há contrato por mais um ano que permite fazê-lo dessa forma, talvez seja a maneira encontrada por Jardim para deixar bem claro que os sonhos do presidente exigem um treinador que saiba manter os olhos abertos e os pés em terra firme. Ser-lhe-ia mais fácil passar o resto da época a acenar do pedestal que o segundo lugar lhe deu. Aliás, seria até justo que o fizesse. Mas, eventualmente escaldado pela sucessão de projetos a curto prazo, nos quais também terá tido culpas no cartório, Leonardo Jardim parece dar sinais de um amadurecimento muito semelhante ao que a equipa refletiu em campo. Se a faca e o queijo da Champions lhe servir para alguma coisa, há de ser para lançar uma verdadeira reflexão pública no clube: realisticamente, qual é o próximo passo? Há, claro, o risco de se confundir essa intenção com questões financeiras - e, ontem, Arsène Wenger fez-nos o favor de lembrar, à boleia de uma declaração disparatada sobre o despedimento de Moyes, que dinheiro, no futebol como em qualquer atividade, nunca é de mais.
Mas, e correndo o risco de estar enganado, Jardim parece querer outra coisa primeiro. Se assim for, arrastar a renovação será pura filigrana tática.