Qualidade - quem a tem não pode ser secundarizado por uma importação que funcione por "palpite" ou "sugestão"
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Um dos oradores na segunda edição do Football Talks, que ontem se iniciou no Estoril sob o cunho organizativo da Federação Portuguesa de Futebol, Leonardo Jardim insistiu na prática de uma ideia nem sempre bem tratada, ou adequadamente valorizada, no nosso futebol, onde aquele treinador soube e foi capaz de trepar a pulso até se exportar para o Mónaco há três anos: a necessidade de os clubes se constituírem, sem vergonhas e com critério, como formadores. "Portugal tem sido vendedor de jovens jogadores. Não estamos no topo das ligas e temos de ser um país vendedor", salientou o técnico, identificando uma urgência que ele compreende muito bem, tal como o seu trajeto corrobora, mas nem todos (ou poucos) são capazes de entender, por mais que digam que sim e até embrulhem esse assentimento com palavras que são música para os ouvidos. Portugal pode ser muito melhor, mas resiste a sê-lo. Em 2014, aquando do lançamento de Carlos Mané, Jardim teve uma frase definidora de vontades e também de um valor inestimável e crucial chamado paciência: "Não há que ter receio em lançar jovens como este", largou o então líder técnico do Sporting, querendo ressaltar o pormenor-chave que é a qualidade. Quem a tem, por cá, não pode ficar para trás ou ser secundarizado por uma importação que, por vezes (ou demasiadas vezes), funciona por "palpite" ou "sugestão" externa à governação, arrastando mais problemas do que soluções, além de, paralelamente, queimar tempo e oportunidades aos emergentes locais, adiando-lhes o futuro ou obrigando-os a emigrar quase à toa, na incerteza.
