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O facto de James ter começado no banco e o seu posterior rendimento no jogo com o Olhanense contribuíram para recuperar a dúvida: estará Vítor Pereira a espremer-lhe o talento como devia? São discussões diferentes.
Quem se chocou com a condição de suplente do colombiano no Algarve só pode ter estado desatento aos jogos anteriores em que ele começou no onze, com Académica e Gil Vicente. Duvidar do talento de James é um absurdo, questionar-lhe a regularidade, ou a falta dela, é um argumento indispensável. Nesta primeira parte da discussão, em que o debate se circunscreve à legitimidade de o sentar no banco, o ponto é para Vítor Pereira: El Bandido ficou no banco e ficou bem, porque seria igualmente abusivo fingir que Atsu, com quem James vem alternando a titularidade, nada fez que justificasse a preferência. E fez.
Assunto parcialmente arrumado, porque James é uma discussão antiga no FC Porto. Quase um mito urbano, escancarado no tão desejado quanto irónico número que lhe estamparam nas costas esta época: o dez. Será James apenas aquilo que a maioria das equipas já não usa, um dez puro? Ele não gosta de jogar nas linhas, dizem (e é um facto que foge delas), ele gosta é de jogar pelo meio (e é um facto que isso choca muitas vezes com o papel de Lucho). A argumentação, entendida e subentendida no discurso de Vítor Pereira, nem sempre cola. Aliás, com Danilo e Alex Sandro a darem profundidade, não ter em James um extremo clássico, mas antes um complemento que encontra alternativas por outras zonas (desde que se desvie de Lucho, claro...), só pode ser bom. Essa ladainha de que James pode ser um empecilho, porque, santo Deus, foge ao padrão e é imprevisível, cansa. El Bandido é um talento. Ponto. Cabe ao treinador encontrar forma, ou fórmula, de não o espartilhar em campo. Mas, a James falta ser regular e por isso não vem mal ao mundo que seja suplente de vez em quando.
Quando ouço a tal argumentação de que James não é um extremo e isso é um defeito, blá, blá, blá, apetece perguntar: ouça lá, se tivesse nas mãos o Messi, que não é extremo, não é bem 10 nem um ponta de lança típico (e ao mesmo tempo pode ser isso tudo), fazia o quê com ele? Nada? Sentava-o no banco? Enfim...