Lisboa recebe hoje, pela segunda vez, a final da Liga dos Campeões feminina e basta olhar para as bancadas de Alvalade para perceber que o futebol já não é só deles. Em 11 anos, passou de figurante a estrela
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O regresso da final da Liga dos Campeões a Lisboa permite um exercício simples para perceber a impressionante evolução do futebol feminino. A 22 de maio de 2014, o Estádio do Restelo nunca deixou de parecer demasiado grande para os 11 mil espectadores que viram o Wolfsburgo vencer o Tyresö por 4-3. As duas equipas chegaram a Portugal depois de quatro eliminatórias, diga-se. E quase sem impacto mediático. Hoje, 11 anos depois, não há cadeiras vazias em Alvalade. Está lotado para um Barcelona-Arsenal que já não é “curiosidade”, nem “aperitivo” antes da final masculina. Estádio cheio, mediatismo global e qualidade em campo.
A diferença é gritante. E não só nas bancadas. A equipa vencedora arrecadará 350 mil euros, número que, ao lado dos 20 milhões que Inter ou Barcelona receberão a 31 de maio, na final masculina de Munique, parece trocos caídos do bolso. O derrotado masculino leva para casa a tristeza da derrota, mas uma carteira cheia com 15,5 milhões. A derrotada feminina receberá 200 mil euros. Mas deixemos a conversa sobre a paridade, igualdade salarial e afins para outro dia.
O que Lisboa’2025 revela é que a final da Liga dos Campeões feminina deixou de ser a Bárbara Bandeira do concerto dos Coldplay, tornando-se na cabeça de cartaz. Em 2014, disputou-se na mesma cidade – Lisboa –, a dois dias do Real Madrid-Atlético de Madrid, disputado no Estádio da Luz... O resto são euros. Ou, para alguns, um lembrete desconfortável de que o futebol feminino já não pede licença, entra pela porta da frente e senta-se à mesa. Falta só que lhe passem a conta certa. Pelo menos, justa.